Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Preocupante fato da atualidade. Pessoas mais sozinhas

Publicado em 06/01/2023 às 06:00.

O momento global é preocupante. Aumento da pobreza, da desigualdade, ausência de compaixão. Sobreposição de interesses econômicos e pessoais aos sociais e ambientais, comprometendo nossa qualidade de vida e das futuras gerações. Fragilidades da instituição familiar. A grande maioria dos governos encontra-se desconectado com os anseios e reais necessidades da população.

Uma sensação de desarrumação geral. Agrega-se a esta reflexão matéria publicada recentemente pelo The Washington Post e reproduzida pelo Estadão. Em artigo intitulado “Os americanos estão escolhendo ficar sozinhos. Eis por que devemos reverter isso”, o economista Bryce Ward explica que o tempo presencial com os amigos tem caído acentuadamente entre grupos demográficos desde 2013, e por suposto, foi intensificado com a pandemia da Covid.

Ele acrescenta que “é muito cedo para conhecer as consequências a longo prazo desta mudança, mas parece seguro assumir que o declínio de nossas vidas sociais é um avanço preocupante”. Estudos vêm sendo feitos relacionando o aumento de tempo sozinho das pessoas com a crescente ansiedade em escala preocupante.

Algo que podemos constatar é que presencialmente estamos menos sociais, mas virtualmente nossas conexões aumentaram demasiadamente nos últimos anos. E em todas as faixas etárias. E há vários estudos e pensamentos acerca desse fato e suas consequências.

Jessica Grose do The New York Times, em comentário ao artigo do The Washington Post, especula que “talvez os americanos estejam passando menos tempo com os amigos porque estamos simplesmente exaustos”. “Os americanos trabalham mais do que a média entre as nações da OCDE, de acordo com dados mais recentes. De modo geral, não temos licenças remuneradas, dias de doença ou férias pagas; os Estados Unidos são um país mesquinho nessas políticas”.

Malinda Desjarlais, da Universidade Mount Royal em Calgary, que pesquisa mídia social e amizade, disse que “no início da era das redes sociais havia uma diferença maior entre interação online e off-line. Mas agora nós eliminamos essa divisão digital entre o mundo virtual e o mundo real. É assim que os jovens estão vivendo - está tudo conectado”.

Em sua pesquisa, algo relevante para reforçar os que pensam que conexões virtuais não são necessariamente negativos. Demonstra que “compartilhar informações pessoais por mensagens instantâneas também aumenta a qualidade da amizade presencial. O que quer dizer: Quando estamos sozinhos, não estamos necessariamente apenas navegando passivamente pela Internet ou olhando para uma parede em branco, podemos estar fortalecendo nossos laços sociais”.

Por fim, como tudo na vida, pensamentos e atitudes extremistas são sempre perigosas e nocivas. O equilíbrio é sempre o mais recomendado. Não há como ignorar a facilidade e agilidade que o desenvolvimento tecnológico nos proporciona, seja em nossa vida pessoal e profissional. Mas não há como não reconhecer o quão saudável são nossas relações presenciais, fato inerente à nossa adequada existência humana.

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