Em qualquer país do mundo, mas principalmente aqueles considerados como em desenvolvimento, política e economia estão umbilicalmente ligados.
De forma simplória, se a política em um país vai bem, cria um ambiente favorável para uma economia pujante, com a consequente melhoria da vida da população. E quando vai mal, o terreno é fértil para aumento da pobreza, da fome, da desigualdade, do desemprego, da violência, dentre outras consequencias que afetam de forma negativa a vida da população.
E o que significa a política ir bem? Seriam necessárias várias páginas para retratar esta temática de forma mais completa. Mas de forma resumida, seria um país em que as leis são cumpridas e qualquer infringência devidamente punida. Um país em que os poderes executivo, legislativo e judiciário cumprem fielmente seu papel, sem sobreposição de nenhum deles sobre os demais. É aquele em que a corrupção é crime grave e punido com toda a severidade. E ainda que na gestão governamental sempre há sobreposição do interesse público e do bem comum às nefastas práticas paternalistas e patrimonialistas.
Segundo pertinente publicação do Bando Interamericano de Desenvolvimento (BID), “A política importa no processo de criar, concretizar e garantir a sustentabilidade de instituições legítimas e adotar políticas públicas que funcionem em benefício de toda a cidadania. Em termos mais precisos, é a qualidade da democracia o que importa”.
A boa política possibilita uma adequada e almejada governabilidade democrática, definida no mesmo documento como sendo “a capacidade dos sistemas democráticos para aprovar, por em prática e manter as decisões necessárias para resolver problemas sociais, resultado de procedimentos democráticos institucionalizados que consideram plenamente os pontos de vista e interesses dos atores políticos e sociais relevantes”.
Em termo práticos e objetivos, até as palmeiras da praça da liberdade em BH sabem que a política vai muito mal no nosso país. Retrocesso absoluto ao combate a corrupção praticada por políticos; desprezo às instituições públicas e democráticas; populismo desenfreado; políticas públicas ineficientes; apropriação do estado para interesses pessoais e partidários; visão ultrapassada e limitada do estado por parte dos governantes; concepções ideológicas limitadas e que sobrepõem ao real interesse público e por aí vai.
Consequências estão na nossa cara. Inflação, pobreza, fome, desemprego, violência. Fica um sentimento ou constatação que a situação só piora, comprometendo esta e as próximas gerações.
E incrível como que a cada fato relevante no campo da política, ou algum escândalo, para ser bem entendido, este sobrepõe aos verdadeiros interesses da coletividade.
Não importa se praticados por políticos deste ou do anterior governo, com certeza devem ser amplamente investigados e exemplarmente punidos, para não aumentar o sentimento, ou melhor, a constatação de impunidade que impera no país.
Mas cabe aos governantes e legisladores não reduzir um milímetro sequer a atenção no foco principal e urgente que são medidas para melhorar a economia do país e nossa qualidade de vida.
Enquanto os torcedores e atores políticos de um lado destilam ódios nas redes sociais e deleitam, quase como orgasmos, sobre os malfeitos do “outro lado”, a qualidade de vida no Brasil está degringolando.
Crises políticas sempre vão ocorrer. Mas até quando elas vão sobrepor aos nossos verdadeiros anseios?