Raros os que nunca estivemos no ambiente profissional subordinados a alguém cujo ego sobrepunha qualquer qualidade louvável que um gestor pudesse ter. Indubitavelmente compromete sobremaneira o ambiente local e a efetividade da instituição, ou ao menos do setor que o “pavão” exerce seu poder.
Os que passaram por essa situação ficamos com um importante aprendizado, o de como não ser e não conduzir nossa liderança quando porventura assumirmos postos superiores.
Nesse diapasão, a headhunter e autora do livro “O que faz a Diferença” Fatima Zorzato, aponta o ego como um grande obstáculo na liderança. “Quando o líder entra na empresa, o ego entra antes dele. Então, ele não consegue se relacionar e ouvir”, alerta. Ela destaca ainda três aspectos inegociáveis para líderes de sucesso: estratégia, comportamento e alinhamento emocional.
Em entrevista ao Estadão, dispôs que “No caso dos líderes empresariais, que podem ser empresas pequenas, médias ou grandes, diria que existem três características. A primeira é a capacidade de visão e de estratégia. O segundo é o comportamento, o líder fala e faz a mesma coisa, são transparentes. Eles não ficam em cima do muro e sabem como se comportar em público, sem público, em momentos fáceis e nas situações de pressão. Por fim, o bloco emocional que combina todas as softs skills, principalmente a capacidade das pessoas simpatizarem com você. Não é ser bonzinho, é ter as variações necessárias para lidar com diferentes situações.
Temos o líder funcional e o líder de empresa. Com o líder funcional, a profundidade técnica e analítica é o que vai diferenciá-lo durante a carreira. Mas quando ele vai crescendo, a profundidade técnica não é suficiente porque torna-se necessário as características de liderança, que são as softs skills, como a capacidade de mobilizar pessoas.”
Sobre a possibilidade de controlar o ego, analisa que “Não dá para ensinar, mas se a liderança lê coisas que falam que o ego é um problema e começa a aumentar os feedbacks, ela pode se preocupar e notar que a escuta ativa é importante. Escuta ativa significa não falar e não ter que ser a última voz. Isso dá para ensinar.
Muitos líderes usam isso com propriedade e fazem as pessoas ficarem encantadas. E o que encanta as pessoas? Pessoas comuns, que você olha fala: “é humano como eu, acorda, escova os dentes, vai ao banheiro, mas se preparou e tem visão para ser o nosso líder.” É uma pessoa normal. Este é o grande segredo”.
A outra coisa é que ainda não sabemos lidar com a nova geração. Sabemos que o modelo de comando e controle que existia antes não vale mais. A liderança tem que ser inclusiva e interativa”.
Importante assinalar que com algumas especificidades, estas reflexões são tanto para empresas privadas, entidades da sociedade civil como na administração pública. Para estas últimas têm alguns ingredientes peculiares, como as indicações para postos de comando serem muitas das vezes político partidárias e a vinculação da gestão ao aspecto temporal eleitoral, já que os mandatos executivos são de quatro anos, com consequências e análises específicas.