Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Tramonte se fortalece ainda mais com apoios de Zema e Kalil

02/08/2024 às 06:00.
Atualizado em 02/08/2024 às 08:25

A política mineira é conhecida pela sagacidade de seus atores, pela habilidade de alguns de seus políticos em formar convergências e alianças entre grupos distintos. 

Em um cenário nacional fortemente polarizado, em que o debate programático e de ideias na maioria das vezes fica subordinado a disputas ideológicas, é indispensável sobrepor o interesse público a interesses menores, seja pessoal ou partidário. 

E com uma política maniqueísta, sectária e polarizada, decisões prementes para o país não avançam, ainda que fundamentais para impulsionar o país e reduzir a vergonhosa desigualdade, fome, pobreza e melhorar a qualidade de vida da população. 

A política deve ser entendia como a arte de buscar consensos, respeitar as diferenças e atuar de forma transparente, objetiva e factível em prol do bem comum. E em ano eleitoral é um momento singular para praticar a boa política. Ao apresentar candidaturas, os partidos buscam conquistar o eleitor e receber destes uma procuração para atuar em seus nomes na gestão governamental. E quando se trata de eleições municipais, os debates se dão nas questões mais próximas e diretas às pessoas, como trânsito, saúde, limpeza, moradores de rua, ocupação urbana, dentre outros. 

Às vésperas da definição do cenário eleitoral em BH, em que nos próximos dias teremos candidatos e vices definidos e com respectivas alianças deliberadas em convenções, um fato em destaque surpreendeu a todos.

O líder das pesquisas Mauro Tramonte, detentor de um perfil conciliador, de diálogo e distante dos extremos ideológicos, deu uma demonstração hábil de convergência ao estilo dos mais respeitados e admirados políticos mineiros ao agregar à sua pré-candidatura o governador Zema e o ex-prefeito Kalil. Ambos foram adversários na disputa ao governo de Minas em 2022, tendo Zema logrado a vitória em primeiro turno. Zema apoiador de Bolsonaro; Kalil, de Lula. Têm divergências claras quanto a políticas públicas, concepções de Estado e da administração pública. 

Cabe a lembrança que em 2008 Marcio Lacerda ganhou a eleição também para prefeito em articulação conjunta de Aécio e Pimentel, que sempre estiveram em campos políticos e eleitorais opostos.
Neste pleito eleitoral, a diferença é que não foi Zema e Kalil que articularam e definiram um nome de consenso. Mas coube a Mauro Tramonte atrair as duas lideranças em torno de sua candidatura.

Ou seja, dos 4 principais atores políticos com poder de influência na decisão de eleitores, a saber, Zema, Kalil, Lula e Bolsonaro, os 2 primeiros estão com Tramonte. Lula com Rogerio Correia e Bolsonaro com Bruno Engler. 

Assim sendo, a expectativa que caiba ao próprio Tramonte o papel de timoneiro na condução do processo eleitoral e na condução da PBH caso logre êxito, absorvendo o que Zema e Kalil têm de melhor para a proposição e execução de um plano de governo moderno, factível e com resultados concretos para os belo-horizontinos. E como ficam estas lideranças para as eleições de 2026? Bem, a cada dia (eleição) uma agonia diferente! 

À partir da próxima semana as pesquisas a serem divulgadas serão mais realistas. Pode ser que Mauro Tramonte consolide e até aumente a liderança. A saber a performance de Rogerio Correa (PT), Bruno Engler (PL) e Fuad Noman (PSD). 

Por fim, eleições são muito dinâmicas, assim como o humor da população. Perspectivas de hoje podem mudar e muito, dependendo de fatores externos e internos das candidaturas, como planejamento adequado, comunicação efetiva, coesão das equipes e agregar apoios importantes. Teremos 3 meses bem intensos de debates, comícios, reuniões e outros eventos eleitorais. 

E ademais, dois possíveis fatos podem dar ainda mais emoção à disputa eleitoral na capital mineira. Se será exitosa até domingo a articulação pesada do PSD nacional e o de Minas junto ao presidente Lula para o PT retirar a candidatura de Rogério Correia (o que causará uma frustração enorme na militância local) e apoiar a reeleição de Fuad, agregando também Duda Salabert do PDT, e o PSDB retirar o nome de João Leite em apoio ao próprio Fuad ou a Gabriel Azevedo do MDB. Aguardemos!

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