Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Um exitoso modelo de combate aos imbecis e suas fake news

Publicado em 02/12/2022 às 06:00.

Não há como negar os inúmeros benefícios do brutal desenvolvimento tecnológico das últimas décadas. O mundo está cada vez mais conectado, contribuindo sobremaneira para a difusão de conhecimentos e para a qualidade de vida de todos.

O fenômeno das redes sociais é bem relevante. Segundo o portal resultadosdigitais.com.br, já são 4,7 bilhões de usuários ativos nas redes sociais, o que representa 59% da população mundial.

Por outro lado, em destaque negativo dois principais aspectos acerca de como as pessoas fazem uso das redes sociais. Lembremos da frequente citada frase do escritor e filólogo italiano Umberto Eco, ao afirmar que “as redes sociais dão o direito à palavra a uma legião de imbecis que antes falavam apenas em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade".

São aqueles ou aquelas que se acham especialistas nos mais diversos temas, do alfinete ao foguete, vomitando suas verdades para centenas e até milhares de pessoas, e na maioria das vezes intolerantes com pensamentos diversos ao seu.

O outro ponto, mais grave ainda pelas consequências, são as fake news. Postadas e disseminadas numa velocidade incrível, podem ter efeitos bem negativos a milhares de pessoas. O grande desafio global é como combatê-las.

Um exemplo bem-sucedido vem da Finlândia, um país nórdico reconhecido pela excelente qualidade de vida da população. Desde 2016, a alfabetização midiática foi incluída no currículo escolar, começando com as crianças e indo até os adolescentes.

Aulas de matemática ensinam, por exemplo, como estatísticas podem ser distorcidas. Nas aulas de história, os professores explicam como o uso de determinados elementos são usados de forma deturpada e enganosa para influenciar uma população.

Assim sendo, o país passou a ser considerado o mais resistente à desinformação entre as nações da Europa pelo estudo anual do Instituto Open Society e virou uma referência mundial no combate às fake news.

Os alunos também são instigados a apresentar fontes sólidas sobre temas dispostos pelos professores, ao estilo de “detetives virtuais”.

Conforme matéria do Estadão, “em uma entrevista concedida em 2020 ao jornal inglês The Guardian, o então diretor da escola franco-finlandesa em Helsinque, Kari Kivinen, afirmou que o objetivo do governo finlandês ao implementar a educação midiática foi criar cidadãos e eleitores críticos, proativos e responsáveis. 

“Pensar criticamente, verificar, interpretar e avaliar todas as informações que você recebe, onde quer que elas apareçam, é crucial. Fizemos disso uma parte central do que ensinamos, em todos os assuntos”, explicou.

Segundo Kivinen, hoje membro do grupo de combate à desinformação e promoção à educação digital da Comissão Europeia, que desenvolve políticas para toda a União Europeia nesta área desde outubro de 2021, o objetivo é que os alunos se perguntem: quem produziu a notícia e por que? Há provas do que é dito ou se trata apenas de uma opinião? "Queremos que nossos alunos pensem duas vezes antes de compartilhar uma notícia”.

Por fim, no caso do Brasil e outros países, mais que urgente pensar em algo nos moldes da Finlândia para as crianças e adolescentes. Com certeza os resultados virão a médio e longo prazos.

Mas, para os demais, não tem outro jeito: a saída é uma legislação rígida com respectivas penalidades para os imbecis e que, por suposto, as mesmas sejam
cumpridas!

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