Irlan MeloAdvogado, teólogo, professor universitário e vereador de BH eleito para seu segundo mandato como o 8° vereador mais votado de BH

Carnaval BH 2024: lucro ou prejuízo?

Publicado em 19/02/2024 às 07:30.

Enquanto as ruas de Belo Horizonte se enchem de cores, música e dança, por trás da efervescência carnavalesca, oculta-se uma realidade sombria que muitos preferem ignorar. O Carnaval de 2024 na capital mineira não é apenas uma celebração de cultura e tradição, mas também um retrato de desigualdades e danos que se perpetuam ano após ano.

Ao longo dos anos, o Carnaval em Belo Horizonte tornou-se um palco para excessos e abusos que custam caro à cidade e seus habitantes. Os números não mentem: a cada ano, milhões de reais que poderiam ser usados para o que realmente precisa, financiam uma festa que, longe de promover o bem-estar coletivo, muitas vezes contribui para o caos e a destruição.

Um dos principais problemas é a falta de infraestrutura adequada para suportar o fluxo massivo de foliões. Foram quase 6 milhões de pessoas por aqui esse ano. Ruas e praças são transformadas em verdadeiras áreas de guerra, com montanhas de lixo, urina e vômito cobrindo o que um dia foi o orgulho da cidade. Os danos ambientais são incalculáveis e as consequências para a saúde pública são alarmantes, com um aumento significativo de doenças como a dengue, viroses e o tão temido retorno da Covid-19.

De acordo com a Prefeitura, desde o início da folia, em 27 de janeiro, 249 ocorrências foram anotadas pelo Centro Integrado de Operações (COP), a maior parte delas relacionadas à saúde. Mas sabemos que existe muita subnotificação. A maioria das ocorrências envolve o abuso de bebida alcoólica, um retrato da busca dos jovens por prazer e alegria momentânea proporcionada por drogas lícitas e ilícitas.

Uma das maiores reclamações dos foliões é quanto a limpeza e a pouca quantidade dos banheiros o que lamentavelmente levou pessoas a usarem as ruas para fazer suas necessidades. Quanto ao transporte, participantes reclamaram de demora na espera por coletivos e de baixa oferta de viagens. Normal por aqui! Quem optou pelo transporte por aplicativo precisou enfrentar muito trânsito em alguns pontos da cidade, e os motoristas reclamaram de sinalização insuficiente sobre interdições e desvios.

A festa também foi ruim para os ambulantes credenciados. Um dos principais problemas foi a falta de fiscalização do credenciamento por parte da PBH, o que aumentou a concorrência e deixou no prejuízo muita gente que tinha expectativa de garantir uma renda extra e um lucro efetivo.

Além dos danos materiais, vemos na festa da carne a distorção dos valores morais na nossa sociedade. Parece que nos dias de festa tudo vale, claro, se for politicamente correto! De exaltação a bandidos à demonização dos policiais, de gente tentando pregar o evangelho em blocos, ao macetar o apocalipse, vimos de tudo um pouco! Como no Brasil dizem que o ano só começa após o carnaval, agora é correr atrás do prejuízo e fazer 2024 valer a pena apesar dos pesares.

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