O dia 25 de janeiro de 2019 certamente ficará marcado na mente dos brasileiros, especialmente mineiros de Brumadinho, cidade que foi sofreu com uma das maiores tragédias (crimes) ambientais do mundo quando a barragem da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, se rompeu, causando a morte de 272 pessoas e espalhando resíduos de minério pela bacia do Rio Paraopeba.
Naquela mesma época fiz o alerta que ecoou em todo o Brasil: como umas das principais fonte de captação de água da Copasa que alimenta BH havia sido tomada pela lama, impossibilitando seu uso, Belo Horizonte e vários municípios da região metropolitana corriam o risco de ficar sem água.
A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), estatal responsável pelo abastecimento de água na maior parte do Estado, avaliou que, se nenhuma medida fosse adotada e dependendo do regime de chuvas, existe a chance de desabastecimento em alguns bairros de Belo Horizonte em 2020.
Para contornar o problema, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e o Ministério Público Federal (MPF) fecharam em maio um acordo com a Vale para a construção de um novo sistema de captação no rio antes do ponto em que ele foi contaminado. A sorte é que naquele ano Deus foi generoso com as chuvas, motivo pelo qual não faltou água por aqui.
No meu relatório pedi o indiciamento da mineradora Vale. Aprovado por unanimidade, o texto final que apresentei tinha 297 páginas, sem contar os anexos e foi aprovado por unanimidade.
O relatório final da CPI recomendou ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que mova ação judicial pleiteando a responsabilização da Vale e cobrando multa e indenização ao município. O documento cita ainda que houve dano ao erário, pois a captação que vinha sendo realizada no Rio Paraopeba é fruto de obra realizada em 2015. A estrutura, que custou aos cofres públicos aproximadamente R$128 milhões, está inutilizada desde a tragédia.
No entanto a previsão de entrega da nova fonte de captação era agosto de 2021 e até agora nada. Por isso fui mais uma vez à Vale para cobrar a finalização do equipamento que será então entregue à Copasa para que a captação de água seja retomada e o fantasma da falta de água pare de assolar os belo-horizontinos.
Visitei o empreendimento que já está funcionando, mas de acordo com a mineradora a entrega não foi feita devido a atrasos nas obras ocasionadas, principalmente pela pandemia. Pedi um novo prazo e fui informado que até dezembro tudo seria concluído.
Sigo trabalhando e acompanhando até o final, quando finalmente a obra será entregue para os mineiros.