Frustrações, dores angustiantes, tristeza constante, sofrimento intenso. Com motivos ou sem, a vida parece estar sempre nublada, envolta em uma névoa que nunca sai. As coisas que traziam alegria começam a perder o sentido, junto com as várias outras que eram importantes.
A noção de valor começa a se esvair e, se nem você se compreende, quem poderia? Então, a solução é se esconder. O afastamento é inevitável, mas é um alívio escapar de tudo, não ter que enfrentar nada, não encarar olhares que estão sempre com expectativas que você não pode suprir. Entre quatro paredes não há pressão, não há notas a serem alcançadas, e aquele espaço se torna seu mundo, seu escape. Te fere, te engole, e se torna um abismo cada vez mais fundo, mas é o que você tem. Um refúgio onde a dor te encara, mas onde você pode chorar quantas e quantas vezes quiser, e dormir para ver se alivia.
Não é nada agradável ler relatos como este. Um relato real. Um retrato de grande parte da população afetada pela depressão. Ricos, pobres, homens, mulheres, jovens e até crianças. Depressão não escolhe quem atingir e é um assunto sério. As características citadas fazem parte da vida de grande parte da população que pede socorro silenciosamente. Pessoas que estão ao nosso lado, até sorrindo, mas que nos deixam sinais, na maioria das vezes, ignorados. Sinais que podem parar de existir, assim como quem os emite.
Todos os anos são registrados cerca de 10 mil suicídios no Brasil e mais de um milhão em todo o mundo. O suicídio é tratado pelos especialistas como um tema bem complexo, mas que se tornou uma questão de saúde pública. A depressão e o suicídio precisam ser discutidos, para que possamos criar ferramentas para lidar com o problema.
Os números chamam a atenção e acendem o nosso alerta quanto à criação de políticas públicas que combatam o tabu e o preconceito quanto ao reconhecimento de transtornos mentais e os tratamentos.
Vários tratamentos estão sendo estudados e são importantíssimos, mas a prevenção continua sendo o melhor remédio. Em 2019 criei a Lei 11.161, que institui a Semana de Prevenção da Depressão. O objetivo é que neste período sejam prestadas informações através de procedimentos educativos e organizativos sobre as formas de depressão, maneiras de prevenção e tratamento, realização de procedimentos úteis para detecção da doença e atividades de conscientização e orientação.
Caso você – ou alguém que conheça – precise de ajuda, ligue 188, para o Centro de Valorização da Vida (CVV). O atendimento é gratuito, sigiloso e não é preciso se identificar.