Irlan MeloAdvogado, teólogo, professor universitário e vereador de BH eleito para seu segundo mandato como o 8° vereador mais votado de BH

O que eu penso sobre o aborto

Publicado em 04/07/2022 às 06:00.

Nas últimas semanas, o aborto voltou a ser o principal assunto dos jornais, conversas em bares e nas redes sociais. O caso da menina catarinense que supostamente havia sido vítima de estupro, o ocorrido com a atriz Klara Castanho e a decisão da Suprema Corte Americana de suspender as proteções constitucionais para o aborto legal, que estavam em vigor há quase 50 anos, dividiram a opinião pública.

O aborto não é um tema fácil, nem uma ciência exata. Existem muitos fatores a serem considerados, mas eu, de forma geral, sou totalmente contrário à liberação da prática.

Precisamos entender cada caso antes de fazer juízos de valor. No episódio da menina catarinense, a criança foi usada como bandeira ideológica para mobilizar a opinião pública favorável ao aborto.

Uma vez realizado o procedimento, veio à tona a verdade. O alegado abuso sexual, na realidade, foi fruto de um relacionamento entre crianças de 11 e 13 anos, com a ciência dos pais dos envolvidos. Por ter menos de 14 anos, o suposto abusador é inimputável. Logo, não houve crime. Assim, a autorização do aborto por causa do estupro não tem base legal.

No caso de Klara, ela foi estuprada e, de acordo com ela, por se sentir envergonhada, não registrou o crime na polícia e tomou uma pílula do dia seguinte para evitar a gravidez. Todavia, ela descobriu a gestação já na reta final. Após o nascimento da criança, a atriz seguiu os trâmites jurídicos e entregou o bebê legalmente à adoção, como defendo em casos que os pais não possuem as condições ideias para a criação da criança. No caso dela, infelizmente, mais uma violência aconteceu. Ela teve sua dor escancarada em nome dos views e da audiência de colunistas e sites de fofoca.

Independentemente do contexto da gravidez, não vejo o aborto como uma saída, pois creio que, a partir da fecundação, há vida e um bebê que não tem culpa e não merece morrer. Sendo assim, o aborto é uma forma de homicídio. Como cristão que sou, creio em um Deus que é poderoso para transformar choro, dor e vergonha em alegria.

Conhecemos tantas pessoas que foram frutos de gravidez indesejada ou estupros e que superaram as dificuldades e hoje vivem felizes.

Uma das minhas bandeiras é a defesa do direito das pessoas com doenças raras. Pessoas essas que poderiam ter sido abortadas com amparo legal, mas que têm vida e são a alegria de suas famílias!

Para finalizar, quero te contar dois casos pessoais. Durante a gestação da minha filha mais velha, a Noemy, foi constatado que ela tinha hidrocefalia. Para os médicos ela não chegaria a nascer, depois, não chegaria aos 10 anos. 

Após várias cirurgias no cérebro, disseram que ela teria várias sequelas, mas a Noemy hoje tem 20 anos e está quase se formando em direito. Inclusive foi minha aluna! Uma mulher incrível, que leva uma vida normal, cheia de saúde.

Outro caso é da minha irmã Deborah, que foi adotada pelos meus pais quando era bem pequena, pois seus pais biológicos não tinham condições de criá-la. Esse ano tive o privilégio de celebrar o casamento dela e as duas mães estiveram na cerimônia.

Vale a pena lembrar que, antes defender o aborto, devemos condenar o estupro, a pedofilia e os abusos sexuais. No meu caso, isso vai muito além do discurso. Na Câmara Municipal, fui autor da lei que cassa o alvará de estabelecimentos que promovem a prática de abusos sexuais a crianças e adolescentes, em Belo Horizonte.

Eu sempre defenderei a vida. Aborto não!

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