José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

As mulheres venceram

Publicado em 11/10/2023 às 06:00.

Já perdi a conta dos textos que escrevi sobre as mulheres nos concursos. Veja, por exemplo, os artigos “Mulher: direitos iguais, aprovações diferentes” (8.3.2015) e “Mulheres que o dinheiro não compra” (5.3.2017). Elas representam mais da metade dos candidatos. Uma em cada duas mulheres consegue êxito na aprovação para o cargo almejado.

Em alguns casos, notadamente nos concursos policiais, em que se exigem testes físicos, elas têm direito a uma performance inferior à dos homens. É claro que os misóginos de plantão murmuram contra essa aparente injustiça. “Onde fica a igualdade”, proclamam maldosamente.

Ora, nas lições de Rui Barbosa, tratar com igualdade não significa que todos são iguais. Significa que todos devem ter oportunidades iguais. Então, tratar com igualdade é, antes de tudo, respeitar as diferenças.


Nos concursos, esse respeito às diferenças é expresso objetivamente nas normas do edital. Mas, no condomínio onde moro, nosso respeito às mulheres começa nas atividades de lazer. 

No último final de semana, incentivei as meninas adolescentes a formarem uma equipe para jogarem futebol contra os meninos. “Mas nós não temos chance de ganhar. Eles são mais fortes”.

- Vocês conseguem ganhar sim. Porque eu é que vou apitar. E vou “roubar” para vocês.

- É sério?! - perguntou uma delas, com intenso entusiasmo. 

- Então, nós queremos jogar! - exclamou outra, euforicamente.

Combinei com os garotos que, como bons cavalheiros, deveriam facilitar para as meninas ganharem. E assim ocorreu.

É claro que, no fundo, as meninas sabiam sobre essa “mãozinha” dos rapazes e “desse juiz aqui”. Mas eu nunca as vi tão alegres como dessa vez, ao final do jogo.  

O evento foi um ensaio para as garotas reivindicarem, daqui a alguns anos, o respeito às diferenças delas, seja num concurso ou em quaisquer circunstâncias. E, para os meninos, a partida de futebol foi também um treino para compreenderem que a igualdade passa pelo respeito às diferenças.


O jogo fez tanto sucesso que já agendamos, para a semana da criança, outra partida entre os pequenos e os adultos. E vou “arrumar pênaltis” para todas as crianças. Nenhuma delas sairá sem fazer um gol.

Assim, num futuro que logo chegará, teremos vizinhos bem-sucedidos nos concursos e na vida em geral. Nessa jornada, desejo a todos bons estudos.

*José Roberto Lima é advogado, professor da Faculdade Promove, autor de “Como passei em 16 concursos” e “Pedagogia do advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras. 

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