Já perdi a conta dos textos que escrevi sobre as mulheres nos concursos. Veja, por exemplo, os artigos “Mulher: direitos iguais, aprovações diferentes” (8.3.2015) e “Mulheres que o dinheiro não compra” (5.3.2017). Elas representam mais da metade dos candidatos. Uma em cada duas mulheres consegue êxito na aprovação para o cargo almejado.
Em alguns casos, notadamente nos concursos policiais, em que se exigem testes físicos, elas têm direito a uma performance inferior à dos homens. É claro que os misóginos de plantão murmuram contra essa aparente injustiça. “Onde fica a igualdade”, proclamam maldosamente.
Nos concursos, esse respeito às diferenças é expresso objetivamente nas normas do edital. Mas, no condomínio onde moro, nosso respeito às mulheres começa nas atividades de lazer.
No último final de semana, incentivei as meninas adolescentes a formarem uma equipe para jogarem futebol contra os meninos. “Mas nós não temos chance de ganhar. Eles são mais fortes”.
- Vocês conseguem ganhar sim. Porque eu é que vou apitar. E vou “roubar” para vocês.
- É sério?! - perguntou uma delas, com intenso entusiasmo.
- Então, nós queremos jogar! - exclamou outra, euforicamente.
Combinei com os garotos que, como bons cavalheiros, deveriam facilitar para as meninas ganharem. E assim ocorreu.
É claro que, no fundo, as meninas sabiam sobre essa “mãozinha” dos rapazes e “desse juiz aqui”. Mas eu nunca as vi tão alegres como dessa vez, ao final do jogo.
O jogo fez tanto sucesso que já agendamos, para a semana da criança, outra partida entre os pequenos e os adultos. E vou “arrumar pênaltis” para todas as crianças. Nenhuma delas sairá sem fazer um gol.
Assim, num futuro que logo chegará, teremos vizinhos bem-sucedidos nos concursos e na vida em geral. Nessa jornada, desejo a todos bons estudos.
*José Roberto Lima é advogado, professor da Faculdade Promove, autor de “Como passei em 16 concursos” e “Pedagogia do advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras.