José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

Concurso para político

Publicado em 09/10/2024 às 06:00.

No último domingo fomos às urnas e nos tornamos, nós mesmos, organizadores e executores de um grande concurso. Sim! Eleição é, antes de tudo, um concurso. Só que, diferentemente do que ocorre na disputa para cargos técnicos, os prefeitos e vereadores vitoriosos exercerão cargos políticos.

Se compreendermos as eleições a partir desse ponto de vista, poderemos superar o fanatismo das convicções ideológicas. E seremos capazes, com toda a sinceridade de alma, de desejar sucesso aos eleitos, mesmo que não sejam os candidatos da nossa preferência.

Imagine o chefe de uma repartição que se sente inconformado com a lista de aprovados num concurso. Assim, por não ver nessa lista o nome do candidato da preferência dele, deseja o fracasso para todos os empossados. Faz sentido isso? Claro que não.

Essa postura também é inconcebível em relação ao “concurso da democracia”, seja qual for o cargo na disputa eleitoral. Debater sobre os candidatos e torcer pelo da nossa preferência é salutar. Mas, mesmo que o vencedor tenha ideias opostas às nossas, que seja bem-sucedido.

Agora, mais do que nunca, nosso país necessita de união. Isso começa nas nossas relações cotidianas, entre as pessoas que nos são mais próximas. Então, não permitamos que divergências políticas custem o preço de inimizades.

Miremos no exemplo dos “concurseiros propriamente ditos”. Porque não há um grupo de pessoas tão heterogêneo como eles. Isso se refere à idade, ao sexo, origem social e etnia. Daí decorre que as posições ideológicas também são, entre os estudantes, as mais diversificadas. E, no entanto, eles vivem em paz entre si.

Os candidatos que se preparam para uma prova têm um objetivo comum nos seus estudos: todos eles buscam a aprovação. E as chances de sucesso aumentam à medida que eles compartilham conhecimentos com outros estudantes, independentemente da preferência partidária de cada um.

Um dos primeiros artigos que escrevi nesta coluna tem o título “ensinai-vos uns aos outros”, uma paráfrase ao ensinamento cristão “amai-vos uns aos outros”. E comentei sobre a inutilidade de ver o colega como quem pode tirar sua vaga. De fato, ele é seu concorrente. Mas, ao compartilhar conhecimento com ele, você será o maior beneficiário disso. Porque quem ensina acaba aprendendo muito mais do que quem recebe o ensinamento.

Enfim, não deixemos que nossa ideologia envenene nossa alma. Sejamos tolerantes e saibamos compartilhar nosso conhecimento.

A todos, aos que ensinam e aos que querem aprender, desejo bons estudos.

* José Roberto Lima é advogado, delegado federal aposentado, professor das Faculdades Promove e mestre em Educação. Autor dos livros “Como passei em 16 concursos” e “Pedagogia do Advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras.

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