No último domingo foi realizado o CNU – Concurso Nacional Unificado. Diversos órgãos do Governo Federal ofereceram um total de 6.640 vagas, distribuídas em dezenas de cargos.
O número de inscritos para o chamado “Enem dos Concursos” superou 2 milhões. Mas a abstenção foi de 54,12%. Menos de um milhão de pessoas fizeram a prova.
E eis a pergunta para irmos além do óbvio na resposta: podemos concluir que os “candidatos” ausentes foram pouco mais da metade? E se eu te disser que foram quase 100%?
Para responder a essa pergunta, precisamos fazer a distinção entre “candidato” e “concorrente”. Candidato é quem faz a inscrição porque o vizinho também fez. É quem se inscreveu para dar uma satisfação à família ou a si mesmo.
Ele até chega a comprar os melhores materiais didáticos. E faz sua matrícula na escola preparatória listada entre as melhores. E volta para casa com a sensação de que comprou o aprendizado, como se tivesse comprado dois quilos de batatas.
Ele não entende que o preço a pagar é outro: o empenho, a disciplina e a abnegação de um soldado, porque, afinal, concurso é uma guerra. Sem esse entendimento, ele espalha o material de estudos sobre a mesa, só para atrapalhar o jantar da família e chamar atenção, como se estivesse dizendo: “Pessoal, eu estou estudando”.
E, em vez de cair no desânimo quando a batalha se aproxima, ele sabe que só não passa num concurso quem não se inscreveu. Uma vez inscrito, só não passa quem não levou a sério os estudos. Tendo levado a sério os estudos, ainda que minimamente, só não passa quem não comparece ao local da prova.
Então, não é exagero afirmar que quase 100% dos que faltaram à prova do CNU eram meros candidatos. É claro que algum concorrente pode ter se envolvido num imprevisto que lhe impediu de fazer a prova. Nesse caso... “bola pra frente”.
E entre os que fizeram a prova? Será que todos eram fortes concorrentes? Não mesmo. Entre os que comparecem ao local de uma prova, ainda encontramos meros candidatos. São os famosos “quem sabe a sorte me ajuda”. Mas, se você não estudar, a sorte não vai te ajudar.
Segundo as estimativas mais confiáveis, apenas 3% dos candidatos alcançam o status de concorrentes. Então, da próxima vez que você estiver diante da relação de candidatos por vaga, calcule 3% e descubra a relação que realmente interessa: a de concorrente por vaga.
A todos eu desejo bons estudos.
* José Roberto Lima é advogado, delegado federal aposentado, professor das Faculdades Promove e mestre em Educação. Autor dos livros “Como passei em 16 concursos” e “Pedagogia do Advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras.