Para falar sobre minha jornada de 16 aprovações em concursos, motivando os estudantes de todo o Brasil, eu os atendo ao final das minhas palestras ou durante entrevistas. Mas, incrivelmente, quando converso diretamente com um deles ou com uma delas, acabam desabafando com assuntos pessoais.
É assim que comentam sobre relacionamentos que ajudam ou atrapalham nos estudos. E, infelizmente, predominam as queixas sobre os que atrapalham. Isso demonstra que, de fato, é muito importante construirmos relações afetivas com pessoas dispostas a nos ajudar.
De todas essas confidências, uma me chamou a atenção por ser bem inusitada. Um rapaz, pedindo muito mais que conselhos de como estudar, colocou-me no papel de um verdadeiro consultor sentimental.
Ele só faltou se deitar num divã para fazer seus desabafos. E me perguntou o que deveria fazer para motivar a garota que ele admira, de modo que ela levasse adiante o convite para tomarem um café juntos.
“O que eu faço, Professor?!” – disse o rapaz, quase em tom de desespero.
- Bem... não sou psicólogo, embora eu tenha estudado essa graduação até metade do curso.
- Então me diga o que eu faço – continuou o jovem. Ela já me prometeu esse café várias vezes. Mas, até hoje... nada.
- Calma! Eu acabei de te dizer que não sou psicólogo. Não posso exercer ilegalmente essa profissão. E, mesmo que eu fosse, não posso entrar na cabeça da garota de sua admiração para entender o porquê dessa promessa não cumprida.
Aos poucos ele foi se acalmando e direcionei a conversa para técnicas de estudos e memorização. Nos dias e semanas seguintes, conversei com ele outras vezes. E notei que estava realmente seguindo as minhas dicas.
- Professor Roberto, eu estou aprendendo bastante com aquela dica de estudar um pouco, mas todos os dias. Também não estou desprezando os conteúdos considerados fáceis.
E, recentemente, ele veio com uma ótima notícia, não se contendo de euforia: “Professor, passei no concurso!!”. Comemoramos juntos e brindamos – adivinha com qual bebida? Café.
Em ocasiões emocionantes como essa, ele costumava direcionar o assunto para a moça da admiração dele. Mas, dessa vez, eu me antecipei nesse tema e disse: “Para comemorar a sua aprovação, entre em contato com a garota e pergunte-lhe uma coisa”.
- Perguntar o quê?
- Uai! Pergunte a ela assim: “Esse café sai ou não sai?”
A todos, desejo bons estudos. E um café em boa companhia.
* Advogado, delegado federal aposentado, mestre em Educação, professor da Faculdade Promove e autor de “Como Passei em 16 Concursos”. Escreve nesse espaço às quartas-feiras.