Todo e qualquer professor já ouviu: “Professor, eu tenho que estudar isso para quê?” Essa pergunta costuma surgir em situações em que ficamos em dificuldade para convencer nossos alunos sobre a importância do que está sendo lecionado.
De fato, num país com tantas urgências sociais, que diferença poderia fazer se a palavra “casa” se escreve com “s” ou com “z”? E como explicar a utilidade dos cálculos com regra de três se, no futuro, em vez de construir a própria casa, o aluno pagará aluguel a vida inteira?
A Professora Lara Brenner, com mais de duzentos mil seguidores no YouTube, enfrentou essa questão. Citando o colega William Campos da Cruz, autor de “Tudo Converge para o Texto”, ela nos faz repensar o tema.
Assim, diante de um conteúdo que possa parecer inútil, e surgindo a pergunta “o que eu farei com a Gramática”, podemos propor aos alunos uma inversão: “A questão não é o que você fará com a Gramática, mas o que a Gramática fará com você”.
Vale a pena ver este vídeo dela:
Entre outras coisas boas, a Gramática nos propicia o pensamento ordenado. E quem pensa ordenadamente consegue se expressar com mais clareza, seja quanto aos atributos da lógica ou da emoção. Isso vale para quaisquer áreas do conhecimento.
Vejamos também sobre o estudo do Direito. Aí, fica até fácil rebater as perguntas do tipo “para que eu preciso sabe sobre os meus direitos?” Ora, se você não conhecer os seus direitos, poderá ser facilmente enganado.
Assim, motivando nossos alunos a saberem sobre direitos, eles acabam aprendendo também sobre obrigações. Aliás, o tema das obrigações merece atenção detalhada na Filosofia do Direito e em todos os ramos jurídicos, principalmente no Direito Civil.
E, depois de vários anos, quando os alunos já descobriram utilidade para o que aprenderam, chega a hora de reencontrá-los. É quando ouvimos emocionados: “Professor, eu te agradeço muito”.
Quando perguntamos o porquê, ouvimos relatos assim: “Eu não sabia para que eu estava aprendendo suas lições. Mas tive uma oportunidade de emprego e elas me ajudaram a ser contratado e a fazer carreira”.
Então, desejo a todos bons estudos.
* José Roberto Lima é advogado, delegado federal aposentado, professor das Faculdades Promove e mestre em Educação. Autor dos livros “Como passei em 16 concursos” e “Pedagogia do advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras.