José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

Infiltração macabra

Publicado em 05/06/2018 às 19:25.Atualizado em 03/11/2021 às 03:26.
 
Um dos métodos mais antigos para se obter informações úteis à segurança pública é a infiltração. O poderio militar dos antigos romanos não se definia apenas pelas catapultas. Mais importante era a colocação das tropas certas na hora e no lugar certos, levando em contra as informações trazidas pelos agentes infiltrados.
 
A partir da Revolução Francesa, os novos Estados adotaram a divisão de poderes, sugerida por Montesquieu e outros filósofos iluministas. Então, as atividades militares e de polícia tenderam ao controle externo. 
 
As infiltrações passaram a ser questionadas, considerando os meios e as finalidades. Decidiu-se pela ilegalidade nos casos em que os objetivos fossem de perseguição de um Estado tirânico. E isso foi ótimo para a construção dos conceitos modernos da Democracia.
 
No Brasil temos diversas leis que autorizam a infiltração, sempre para perseguir os criminosos e jamais o cidadão de bem, por uma eventual crítica aos governantes. É o caso, por exemplo, do Estatuto da Criança e do Adolescente, que autoriza aos policiais, devidamente coordenados, investigarem sites suspeitos de pedofilia, podendo se apresentar como se fossem crianças.
 
Mas duvido que haja um episódio tão macabro de infiltração como o vivido pela minha equipe. Em plena madrugada, numa noite sem Lua, estávamos chegando a uma cidade interiorana. Em vez de buscar uma hospedagem, decidimos percorrer a cidade para localizar os endereços onde atuaríamos ao amanhecer.
 
A escuridão era sinistra. E, para formar uma típica cena de Alfred Hitchcock, os faróis da viatura descaracterizada deixaram de funcionar. Na busca de um dos endereços, entramos numa rua estreita.
 
Olhamos para um lado... olhamos para o outro lado... e as casas pareciam bem menores do que normalmente são. A rua se estreitava cada vez mais. E aí veio a constatação que não impediu os suspiros e gritos de alguns integrantes da equipe: “Pessoal, nós estamos dentro de um cemitério”. Mas, ao sairmos daquele local, o susto foi substituído por gargalhadas incessantes de todos.
 
 
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