José Roberto Lima*
Ah, que saudade dos colegas, quando fizemos o XIV Curso de Formação Policial, em 1996, na Academia Nacional de Polícia. Cada turma contava com um xerife, que era um dos alunos designados pela coordenação para fazer os registros das aulas.
O Professor Tito, que tomo a liberdade de citar, assim se manifestava quando algum aluno tinha uma participação que não lhe agradava: “Xerife, me lembra de dar um zero para ele.
Quando nos formamos, eu tive oportunidade de dialogar com ele:
- Professor Tito, seu bordão tem excelente valor didático. Um dia eu vou lecionar aqui na ANP. Mas vou melhorar a frase.
- Como assim?
- Em vez de apenas falar “xerife, me lembra de um zero”, eu vou premiar as boas participações dos alunos para dizer assim: “Xerife, me lembra de dar um dez para ele”. Ele gostou tanto da ideia que decidiu adotá-la.
Seis anos após, em 2002, fui lecionar na nossa Academia da Polícia Federal. Na primeira aula da disciplina “Polícia Judiciária”, uma aluna participou adequadamente. E, recordando a conversa com o Professor Tito, ordenei: “Xerife, me lembra de dar um dez para ela”.
Nas aulas seguintes, seguiram-se outras notas dez para vários alunos, algumas notas zero para outros, mas sempre com a força de uma expressão, prestigiando a participação de todos eles.
É assim que venho me dedicando ao Magistério desde os primeiros anos de formado pela UFMG. É por isso que, como digo a meus alunos, antes de ser jurista e delegado federal, sou professor.
Gosto de lecionar porque quem ensina aprende muito mais que os próprios alunos. Como disse Cora Coralina, “feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Esse é um dos “segredos” do meu sucesso em 16 concursos: sempre tive a disposição e o gosto de ensinar.
Até as crianças do condomínio onde moro me pedem lições do ensino fundamental e médio. E, para minha alegria, um Senhor da “melhor idade”, vendo meu método de ensino com as crianças, pediu que eu também lhe dê aulas, porque tem a sede de aprender.
Então, se você quer se dar bem nos estudos, ensine o que você sabe para alguém. Pode ser um colega, um familiar... qualquer pessoa que queira aprender. E você será o maior beneficiário disso.
Ah!
Eu ia me esquecendo. É claro que, nas minhas aulas, não há a figura do xerife. Então, eu falo diretamente aos alunos, quando eles participam positivamente: “Me lembra de te dar um dez”.
A todos, de modo especial aos meus alunos, desejo muitas notas dez. E bons estudos.
*José Roberto Lima é advogado, delegado federal aposentado, professor das Faculdades Promove e mestre em Educação. Autor dos livros "Como passei em 16 concursos" e "Pedagogia do Advogado". Escreve neste espaço às quartas-feiras.