Depois de muito procurar em lojas de livros antigos, os famosos sebos, encontrei a obra “o índio de a Revolução Francesa”, publicado em 1937.
O autor Afonso Arinos, após discorrer sobre as filosofias absolutistas e iluministas, que eram opostas entre si, apresenta uma questão que lhes é comum: “como era o homem primitivo, antes da instituição do Estado”?
Na obra “leviatã”, Thomas Hobbes concluiu que “o homem é o lobo do homem”. Já na visão de Rousseau, “o homem nasce bom e a sociedade o corrompe”. Em ambos os casos, qual era o objeto de observação para essas conclusões? Eram os nativos do chamado “Novo Mundo”.
Mas, nas ciências humanas, chega um momento em que o ser observado e influenciado passa a influenciar. E, de modo especial, os indígenas influenciaram o pensamento iluminista. Porque, de fato, entre os séculos XVI e XVIII, diversas expedições patrocinaram a migração de índios brasileiros para a França, onde eram “aculturados”. E lá<EM>eles dialogavam com os grandes pensadores.
Em 1994, a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense contou essa história em samba-enredo: “E lá nas margens do Sena (...) Índios marujos enfim misturavam-se assim (...) na França o bom selvagem deu o tom de egalité, fraternité et liberté”.
Quanto à Inconfidência, desconheço quaisquer estudos específicos sobre a influência indígena (quem tiver uma fonte de pesquisa, por favor, entre em contato comigo). Mas é de se supor que houve tal influência. Afinal, até o século XVIII, a língua mais falada no Brasil era o Tupi-guarani. O Português somente foi imposto como língua oficial com a Independência e a Constituição de 1824.
Então, nesse dia em que homenageamos o índio, vou seguir me deliciando com o livro “o índio brasileiro e a Revolução Francesa”. E, quanto à Inconfidência, que comemoramos depois de amanhã, é certo que os ideais revolucionários franceses inspiraram a centelha de liberdade em Vila Rica.
E os teóricos franceses, como bem enredado pela Imperatriz Leopoldinense, foram influenciados pelos nossos povos nativos. Além disso, na época da Inconfidência era comum o uso do Tupi-guarani. Então, não tenho dúvidas de que os índios também influenciaram o movimento libertário de Minas.
Do ponto de vista individual, são muitos os nativos que podemos destacar. Apenas para citar um exemplo, o índio Poti recebeu ensinos formais de um religioso e aprendeu diversos idiomas. Foi rebatizado como Felipe Camarão e entrou no alto oficialato do nosso nascente Exército. Sua liderança foi essencial na guerra contra os holandeses.
Então, se os povos e os indivíduos que os integram podem progredir tanto, independente da origem, você também pode
Advogado, professor da Faculdade Promove, autor de “Como passei em 16 concursos” e “Pedagogia do advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras.