José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

Pela defesa dos concursos

28/04/2020 às 18:41.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:23

Em meio à crise de saúde pública, estamos numa guerra. Vivemos o dilema entre nos isolarmos em casa (ficarmos nas trincheiras passando necessidades) ou sair ao trabalho (partir para o ataque). Neste último caso, o inimigo (o vírus) pode nos alvejar, matando-nos ou nos levando a matar um idoso do nosso apreço.

O atual governo tende a reabrir a economia, mostrando-se não se importar com as vidas que serão perdidas. Enquanto isso, governantes que inicialmente mantiveram a Economia em funcionamento, têm a humildade de se desculparem.

As palavras do presidente da Argentina são exemplares e deveriam inspirar as nossas autoridades: “Una economía que cae siempre se levanta. Pero uma vida que termina no la levantamos más” (veja no minuto 13 em https://youtu.be/NfCmxdkQLm8 - acesso em 13.4.2020).

Essa conjuntura revela os planos do atual Governo: implantação do Estado mínimo a qualquer custo social, desprestígio das universidades públicas, fim dos concursos públicos, etc. E começam propalando a falsa ideia de que temos funcionários públicos demais. 

Os EUA e os países europeu têm mais funcionários no setor público que o Brasil. A Alemanha, que é exemplo no combate ao coronavírus, está usando tecnologias que rastreiam todos os lugares por onde um infectado passou. Para esse sistema funcionar, imagine a quantidade e a capacitação dos funcionários envolvidos.

Enquanto isso, durante o assalto no Aeroporto de Guarulhos, quando os bandidos levaram quase uma tonelada de ouro, uma câmera filmou toda a ação criminosa. Mas não havia sequer uma pessoa para assistir às imagens e acionar a polícia. E ainda dizem que temos funcionários públicos demais.

No nosso país, com tantos problemas sociais, uma das instituições sérias é a dos concursos públicos. E isso não é invenção do Brasil. Na maioria dos países, a nomeação de funcionários públicos é por meio de concurso. Isso atende ao princípio constitucional da impessoalidade. 

Mas, em nome do Estado mínimo (eufemismo de Estado só para as elites) querem acabar com uma das poucas instituições levadas a sério no Brasil. Querem acabar com os concursos e, de quebra, com as universidades públicas. Se tiverem êxito, acabarão como os dois principais veículos de ascensão social. 

Podemos estar de acordo com várias medidas do atual governo. Mas não somos obrigados a concordar com tudo. Então – leitor ou leitora – seja qual for a sua ideologia, entremos na luta pela valorização dos concursos e das universidades.

A todos e todas, desejo bons estudos.

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