José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

Pode pendurar a conta no Dia do Advogado?

10/08/2021 às 16:29.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:39

José Roberto Lima*

Neste dia 11 de agosto comemoramos o Dia do Advogado. Nesta mesma data, em 1828, foi implantado o primeiro curso jurídico no Brasil. Em vários países de tradição católica a data é comemorada em 19 de maio, dia de Santo Ivo, padroeiro dos advogados, dos juízes, oficiais de Justiça e escrivães.

Aliás, a Subseção da OAB em Aguaí/SP apresenta uma interessante matéria com a biografia de Santo Ivo. E fala sobre as comemorações do Dia do Advogado, considerando a data de 19 de maio (veja em https://www.oabsp.org.br/subs/aguai/galeria-de-fotos/dia-de-santo-ivo-padroeiro-dos-advogados).

Mas, no Brasil, predomina a data de 11 de agosto. E os estudantes, ainda no Século XIX, inauguraram uma tradição: comparecer a um restaurante, pedir do bom e do melhor e, ao final do evento, fazer um discurso “decretando que a conta está pendurada”.

E nos dias de hoje? É justo que se faça o famoso “pendura” no Dia do Advogado? Bem... a realidade no Século XIX era totalmente diversa da atual. O número de alunos nas faculdades era infinitamente menor.

Além disso, os poucos restaurantes existentes guardavam um aspecto glamouroso. Ir a um restaurante era um evento social. Não era apenas um espaço para se fazer uma refeição. 

Então, o “dia do pendura” podia ser até uma oportunidade de marketing do estabelecimento, com as notícias estampadas nos jornais no dia seguinte. Que tal esta manchete: “O restaurante mais chique da cidade recebeu os estudantes de Direito”.

Mas, na nossa modernidade, em vez de 20 ou 30 estudantes, como era o caso no Século XIX, como exigir que o estabelecimento sirva suas melhores refeições a uma multidão de alunos? Não é por acaso que a data de 11 de agosto também é dedicada ao garçom (para os estabelecimentos mais chiques fecharem suas portas). 

Isso me faz lembrar outros abusos que, infelizmente, alguns funcionários públicos cometem. Refiro-me ao concurseiro que, depois de uma jornada de estudos durante meses ou anos, com abnegação, disciplina e empenho, toma posse num cargo e ostenta sua autoridade para criar confusão com garçons, porteiros e outros profissionais. 

Isso faz sentido? Claro que não. Então, se você é estudante de Direito, reflita sobre este texto. E, para você que é concurseiro, em vez de se seduzir pela autoridade do cargo sonhado, pense em servir ao público e ao semelhante, contribuindo par um Brasil e um mundo melhor. 

A todos eu desejo bons estudos. 

*Advogado, delegado federal aposentado, mestre em Educação, professor de Direito da Faculdade Promove e autor de “Como Passei em 15 Concursos”.

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