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José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

Redação não é prosopopeia para ruminante

Publicado em 16/04/2025 às 06:00.


Uma das maiores dificuldades dos candidatos num concurso ou no Enem é a prova de redação. Porque, para se fazer um bom texto, não basta conhecer as normas gramaticais da linguagem culta.

A habilidade na exposição das ideias é fundamental. Isso se obtém com o hábito diário de escrever. E, quando o aluno menos espera, começa produzir textos criativos.

Há, porém, um vício entre pessoas pretensiosamente intelectuais. Refiro-me ao uso exagerado de palavras difíceis, na vã expectativa de impressionar quem fará a correção da prova.

Para que usar a expressão “Pretório Excelso” em vez de “Supremo Tribunal Federal”? Entre os antigos romanos, “pretório” era o fórum onde o pretor (juiz) concedia audiências e decidia em nome de Cesar. Mas - acredite, leitor - a sua prova não será corrigida pelos doutores da lei mencionados em vários trechos do Evangelho (por exemplo, em Lucas 11,52).

É claro que, às vezes, para não repetir várias vezes a mesma palavra, convém buscar um sinônimo dela. Mas o exagero no uso de termos pomposos, em vez de impressionar positivamente quem corrigirá sua prova, trará um efeito contrário.

Em vez de demonstrar conhecimento, um texto recheado exageradamente com palavras incomuns pode transmitir arrogância do autor, misturada com a insegurança de quem quer esconder a falta de domínio sobre o tema abordado.

É por isso que redações com termos quase incompreensíveis falham por não abordarem o essencial sobre o assunto proposto. E dá ao leitor a impressão de que o candidato apenas apresentou uma “prosopopeia para ruminante entrar em letargia”.

O quê?! Hem?! “Prosopopeia para ruminante entrar em letargia”?! Você não entendeu? Não se preocupe. Quase ninguém entenderia mesmo. Eis a tradução, que fica inconfundivelmente clara: “conversa para boi dormir”.

Então, ao fazer a sua redação, em vez de “prosopopeia para ruminante entrar em letargia”, pense que ela poderá ter vários leitores, e não apenas quem vai corrigi-la. Faça um texto com palavras que a maioria das pessoas entendam.

Assim agindo, não lhe escapará a abordagem adequada do tema proposto. Isso resultará na demonstração do seu domínio sobre o assunto. E, quando sair a lista de aprovados, como se diz no futebol, é só sair para o abraço.

A todos, sem rodeios nem palavras difíceis, desejo bons estudos.

* Advogado, delegado federal aposentado, mestre em Educação, professor da Faculdade Promove e autor de “Como Passei em 16 Concursos”. Escreve nesse espaço às quartas-feiras.

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