Uma das maiores dificuldades dos candidatos num concurso ou no Enem é a prova de redação. Porque, para se fazer um bom texto, não basta conhecer as normas gramaticais da linguagem culta.
A habilidade na exposição das ideias é fundamental. Isso se obtém com o hábito diário de escrever. E, quando o aluno menos espera, começa produzir textos criativos.
Há, porém, um vício entre pessoas pretensiosamente intelectuais. Refiro-me ao uso exagerado de palavras difíceis, na vã expectativa de impressionar quem fará a correção da prova.
Para que usar a expressão “Pretório Excelso” em vez de “Supremo Tribunal Federal”? Entre os antigos romanos, “pretório” era o fórum onde o pretor (juiz) concedia audiências e decidia em nome de Cesar. Mas - acredite, leitor - a sua prova não será corrigida pelos doutores da lei mencionados em vários trechos do Evangelho (por exemplo, em Lucas 11,52).
É claro que, às vezes, para não repetir várias vezes a mesma palavra, convém buscar um sinônimo dela. Mas o exagero no uso de termos pomposos, em vez de impressionar positivamente quem corrigirá sua prova, trará um efeito contrário.
É por isso que redações com termos quase incompreensíveis falham por não abordarem o essencial sobre o assunto proposto. E dá ao leitor a impressão de que o candidato apenas apresentou uma “prosopopeia para ruminante entrar em letargia”.
O quê?! Hem?! “Prosopopeia para ruminante entrar em letargia”?! Você não entendeu? Não se preocupe. Quase ninguém entenderia mesmo. Eis a tradução, que fica inconfundivelmente clara: “conversa para boi dormir”.
Então, ao fazer a sua redação, em vez de “prosopopeia para ruminante entrar em letargia”, pense que ela poderá ter vários leitores, e não apenas quem vai corrigi-la. Faça um texto com palavras que a maioria das pessoas entendam.
Assim agindo, não lhe escapará a abordagem adequada do tema proposto. Isso resultará na demonstração do seu domínio sobre o assunto. E, quando sair a lista de aprovados, como se diz no futebol, é só sair para o abraço.
A todos, sem rodeios nem palavras difíceis, desejo bons estudos.
* Advogado, delegado federal aposentado, mestre em Educação, professor da Faculdade Promove e autor de “Como Passei em 16 Concursos”. Escreve nesse espaço às quartas-feiras.