O jardim do seu vizinho é mais florido? Às vezes temos essa impressão de que tudo que pertence ao outro é melhor. Nelson Rodrigues, ao comentar sobre a Copa do Mundo de 1958, cunhou a expressão “complexo de vira-latas”, que ele assim conceituou: “A inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo” (fonte: www.ufrgs.br/cdrom/rodrigues03).
Assim também costuma ser a vida de alguns estudantes, especialmente os que se prepararam para um concurso ou para o Enem. Afinal, quem nunca teve essa impressão de que o colega ao lado tem mais chances que você?
E, para compreender os conteúdos mais complexos, procure analogias simples. Veja, por exemplo, o caso da Teoria da Relatividade. Como aceitar a ideia de que o tempo pode ser alterado pelo espaço? Bem... quando perguntado sobre isso, Einstein foi genial na simplificação: “Uma hora sentado com uma moça bonita em um banco de parque passa em um minuto, mas um minuto sentado em um fogão quente parece uma hora” (veja no documentário “Einstein e a bomba”).
Então, o jardim do seu vizinho não é mais belo. O colega ao lado não é mais inteligente que você. Tudo é uma questão de ponto de vista.
Por falar em ponto de vista e em genialidade das coisas simples, dizem que houve uma reunião no céu entre um antigo hebreu e quatro judeus que vieram após ele. O primeiro a falar foi Moisés, que defendeu seu ponto de vista assim: “A lei é tudo”. E se aproximou o Grande Mestre para argumentar que a lei não pode nos levar a intransigências nem a injustiças. E concluiu com a frase que bem resume o Evangelho: “O amor é tudo”.
Karl Marx se aproximou da conversa. Disse que temos de entender o homem pela sua capacidade e transformar a natureza. E concluiu: “O trabalho é tudo”. E mais um judeu participou da conversa. Dessa vez foi Sigmund Freud. Ele argumentou que devemos entender a humanidade pelos seus sonhos e fantasias. Então, “a sexualidade é tudo”.
E você, Einstein? O que acha?
Bem... eu ouvi que “a lei é tudo”, que “o amor é tudo”, até que “o trabalho é tudo” e que “a sexualidade é tudo”. Mas eu resumo assim: “Tudo... é relativo”.
A todos, sem relativismos, desejo bons estudos.
*José Roberto Lima é advogado, delegado federal aposentado, professor das Faculdades Promove e mestre em Educação. Autor dos livros “Como passei em 16 concursos” e “Pedagogia do advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras.