José Roberto Lima*
No primeiro dia deste ano publiquei o artigo “em 2025... um concurso para chamar de seu”. E lembrei os versos do saudoso Erasmo Carlos: “Você precisa de um homem pra chamar de seu / Mesmo que esse homem seja eu”.
E eis que, entre muitas mensagens elogiosas, recebi uma crítica de uma leitora, que se apresentou como feminista. “Mulher não precisa de nenhum homem” – disse enfaticamente num dos trechos da mensagem.
Bem... somos seres sociais. Precisamos um do outro. E eu adoro pensar que a mulher e o homem se completam. Mas as críticas não pararam. “Você acha mesmo que, para a mulher, é melhor ser mal-acompanhada do que só?” – perguntou a leitora.
Acho que ela não leu direito o artigo. Porque, nesse ponto, manifestei minha discordância. E até fiz uma perguntinha sobre o que a Lua disse para o Sol, que expressa o contrário do que disse o Erasmo Carlos: “Antes Sol do que mal acompanhado”.
Parece que a leitora perdeu a oportunidade de apreciar outros trechos da música, os quais comentarei assim:
"Sei que você fez os seus castelos / E sonhou ser salva do dragão”. Se os seus castelos de 2024 ruíram, tudo pode ser diferente em 2025. E, seja qual for o seu sonho, ele brilha mais com os estudos.
“Sozinha no silêncio do seu quarto / Procura a espada do seu salvador”. Se você mantém boas relações afetivas, ficar sozinho não te trará solidão. Porque a “espada do seu salvador” é representada pela certeza de que, mesmo sozinho ou sozinha no seu quarto, alguém torce por você.
Voltando à crítica inicial, nenhuma mulher há de ter um homem só para chamar de seu, tampouco para se livrar do medo da solidão. Idem quanto ao homem. Mas é inegável que o Erasmo cunhou uma expressão que usamos cotidianamente.
É comum nos expressarmos assim: “Você precisa disso ou daquilo para chamar de seu”. E, se o seu objetivo é conquistar a estabilidade no serviço público, reafirmo o meu desejo com esta paráfrase: “Você precisa de um concurso pra chamar de seu”.
Assim, quanto ao artigo do dia 1º de janeiro, eu gostaria que a leitora pensasse na discordância que manifestei sobre o verso “antes mal-acompanhada do que só”. Mas daí a dizer que a mulher não precisa do homem... ora, a vida seria muito sem graça se mulheres e homens não precisassem mutuamente um do outro.
A todos, de todos os gêneros, reitero o desejo de um Ano Novo repleto de realizações. E, para quem não aprecia a música aqui comentada, preferindo tirar um verso fora do contexto, é melhor que vá reclamar com o Tremendão.
* José Roberto Lima é advogado, delegado federal aposentado, mestre em Educação, professor da Faculdade Promove e autor de “Como Passei em 16 Concursos”. Escreve nesse espaço às quartas-feiras