Inúmeros são os casos de locações realizadas com a utilização de documentos falsos, com a apresentação de contracheques de empresas inexistentes, com declarações montadas e até mesmo com a utilização de carteiras de identidades furtadas, sendo as principais vítimas os proprietários de imóveis que realizam as locações diretamente com os pretendentes. A falta de expertise na análise dos documentos e a ausência de confirmação dos dados de maneira mais técnica só é percebida meses ou anos depois, quando ocorre a inadimplência. Após um longo processo de despejo por falta de pagamento, o locador percebe que não tem como encontrar o inquilino e até mesmo os fiadores que não existem ou que não possuem verdadeiramente os imóveis que seriam uma boa garantia.
Quando a imobiliária recebe pessoalmente o pretendente à locação, ela exige a apresentação da documentação original, inclusive dos fiadores, sendo que após conferir, retém apenas a cópia reprográfica dos mesmos. Além disso, no decorrer do atendimento pessoal troca ideias com o pretendente, esclarece dúvidas e verifica as informações inseridas nas fichas. Depois, passa para um setor de cadastro que realiza a pesquisa dos dados, sendo esse procedimento mais apurado nas imobiliárias que não terceirizam o cadastro. Não se trata de conceder um crédito de, por exemplo, R$ 3.000,00 (um mês de aluguel e encargos), mas de um risco de R$ 90.000,00 (30 meses que é o limite de um seguro fiança, sem contar os danos do imóvel), pois uma ação de cobrança e despejo pode demorar em torno de dois anos.
Documentos por e-mail aumentam riscos
Somos a favor da tecnologia, mas utilizá-la de maneira inocente, como se não ocorressem fraudes diariamente, conforme se vê nos noticiários, evidencia negligência. Na hora que o prejuízo surge, a imobiliária que foi contratada para aumentar a segurança da locação procura se esquivar das falhas. Logicamente, há fraudes que nem um especialista descobre, e, nesse caso, o procurador que foi realmente zeloso não pode ser responsabilizado.
Entretanto, diante dos cadastros virtuais, aumentaram as fraudes nas locações realizadas com base na sorte, pois o foco de algumas imobiliárias é aprovar e fazer o contrato em tempo recorde para receber o primeiro mês de aluguel como gratificação, além da comissão mensal. Deve o locador ver o site Reclame Aqui para escolher a imobiliária que administrará seu imóvel.
Na geração Google, é tudo num apertar de botão. Não se aceita reflexão, pois isso é coisa do passado. Questionar o pretendente sobre um dado estranho ou exigir uma comprovação passou a ser uma “ofensa” para quem não tem experiência. E assim, tem ficado mais fácil a atuação dos estelionatários que fazem locações, sendo que esses preferirão o meio virtual, onde não se pede nem fiadores. No mundo virtual, tudo é encantador, até o momento em que surge o prejuízo e o robô diz para o locador: “Lamentamos que a sua experiência conosco não tenha sido da maneira que gostaríamos. Estamos aprimorando nossos serviços para melhor servi-lo”.