Um dos maiores erros que cometemos no dia a dia é pensar que os outros são como nós, ou seja, que a pessoa com quem contratamos, negociamos, convivemos e nos relacionamos agirá da mesma forma que agiríamos, com base nos mesmos valores e sentimentos. Essa postura é o marco inicial para nos decepcionarmos, pois, perante uma situação, há várias alternativas, sendo comum haver mais de uma plenamente defensável.
O ser humano tem uma enorme capacidade criativa e, diante de um erro, situação de risco ou de prejuízo, nos surpreende com justificativas que até pessoas mais experientes e vividas ficam perplexas.
Formalizar as relações estimula o respeito
A sabedoria nos orienta a evitar problemas, sendo importante sermos mais formais, registrar tudo de maneira a não deixar dúvidas, conversar até esgotar o assunto, pois é justamente nas obscuridades que ocorrem as polêmicas. Quem tem vergonha de perguntar contribui para que a outra parte faça, depois, o que bem entender.
Quando estamos diante de um anúncio, devemos observar tudo, pois este pode vir a configurar propaganda enganosa, que é vedada pela lei.
É importante compreender que, a partir do momento da aceitação de uma oferta para contratar um serviço ou adquirir um bem, se inicia um negócio jurídico, que poderá vir a ser objeto de um processo judicial, caso ocorra algum inadimplemento.
Assim, as promessas, a publicidade e os argumentos que levaram o cliente a comprar ou contratar um serviço devem fazer parte do contrato com redação clara e detalhada das circunstâncias que levaram à conclusão do negócio.
Como evitar o Poder Judiciário
Refletir e perceber que o negócio poderá gerar prejuízo, aborrecimentos e vir a se transformar em um processo judicial demorado, caro e desgastante é que nos estimula a tomar mais cuidados. Assim, evitamos um problema futuro. Isto porque quem age com cautela e valoriza uma orientação prévia profissional descobre os riscos e não fecha o negócio, exceto se for seguro.
A questão é simples. Quando uma pessoa é mal intencionada para obter lucro, ela simplesmente rejeita formalizar o que combinou, tem uma conversa sedutora. Todavia, tem pavor de advogado que possa orientar o cliente. Diz que tudo é simples, que é bobagem contratar uma consultoria, pois apenas gera despesa.
Faz a transação mediante um contratinho simples ou confuso, próprio para fundamentar um “balaio de desculpas” para justificar o prejuízo, tais como: “não foi isso que eu disse”, “você entendeu errado”, ou “não posso responder pelo que outra pessoa disse”.
Clareza evita surpresas
Quando o contrato é realizado com a devida profundidade e conhecimento, com as penalidades adequadas, a parte que age com má-fé não aceitará a cláusula e assim não assinará o contrato. É comum, quando um especialista assume a orientação do caso, a parte “esperta” mudar de postura, sumir ou passar a agir de maneira séria, já que sabe que será desmascarada, caso não atenda aos pedidos de esclarecimentos.
Com um contrato bem elaborado ela ficará inibida em desrespeitar o cliente, pois saberá que será mais barato cumprir sua obrigação do que enfrentar um juiz que a sentenciará de maneira exemplar, já que o contrato não dará margem para desculpas.