Claudio OlivaClaudio Oliva é jornalista especializado em turismo e hotelaria, pós-graduado em Turismo pela Universidade de Barcelona, presidiu a Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo. Editor da Qual Viagem, colaborador em diversos portais de turismo, é também diretor Executivo da Assimptur Assessoria de Imprensa.
Amazônia e Cerrado

40 produtos turísticos validados para experimentar o Brasil Original

Cláudio Lacerda Oliva*
turismologoali@hojeemdia.com.br
Publicado em 23/11/2023 às 07:01.

O Ministério do Turismo, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), realizou a quarta etapa do projeto Experiências do Brasil Original, voltada às validações das experiências formatadas nas comunidades indígenas e quilombolas beneficiadas no projeto. Foram ao todo, 40 produtos criados nos quatro territórios, segundo os princípios do turismo de base comunitária, resgatando as suas ancestralidades, fortalecendo a valorização de suas tradições, costumes, cultura, história e, ainda, trazendo o protagonismo para as comunidades.

Nesta edição, o foco foram os biomas Amazônia e Cerrado. Ao todo, foram contempladas 89 famílias e 172 pessoas beneficiadas, entre elas 33 jovens e 52 mulheres, comprometidos e empenhados no propósito de desenvolver turismo em suas comunidades.

Na comunidade Indígena Borari, de Alter do Chão, no Pará, os visitantes são convidados a fazer um "Mergulho Ancestral com as Suraras do Tapajós", em uma imersão na cultura Tapajônica e tendo como anfitriãs as mulheres indígenas Borari, que apresentam a história de luta e resistência desse povo, compartilhando saberes étnicos e ancestrais, por meio da
contação de histórias, música e dança indígena.

Outra experiência na comunidade é a de "Grafismo Indígena na Escola Borari", onde os turistas podem ter contato com a cultura e
artesanato local. 

Em Normandia, na Comunidade Indígena Raposa 1 Serra do Sol (RR), quem chega por lá pode conhecer a paisagem da comunidade e se conectar com a natureza em um banho de cachoeira na "Trilha Cultural da Cachoeira da Raposa".

Outra atividade é a "Imersão cultural no sagrado território Raposa Serra Sol", onde os turistas têm a oportunidade de praticar a tradicional atividade Macuxi do Arco e Flexa, assistir a dança Parixara, participar da arte de fazer panelas de barro com as Indígenas anciãs, escutar suas histórias e resgate da memória ou ainda fazer a "Caminhada a Serra do Arco-Íris" para ver o pôr sol.

Partindo para o Quilombo África/Laranjituba (Moju/PA), uma opção imperdível é a "Cultura do açaí: da extração à degustação", uma experiência única para conhecer as delícias da fruta.

Outra opção é a "Visita à casa de farinha Laranjituba e África: sabor e tradição", onde é possível conhecer o espaço e ver de perto o processo de produção das farinhas a base de mandioca.

Na comunidade Quilombola do Povoado do Moinho (Alto Paraíso/GO), os visitantes são inseridos nas fascinantes histórias da "Confecção das bonecas quilombolas", assistindo cada etapa do processo de confecção,  desde a elaboração do corpo até a criação de roupas, cabelos e rostos. Além disso, é possível degustar um delicioso café da manhã ouvindo histórias da Dona Irany sobre sua família e o Quilombo Moinho, com o "Café da manhã com prosa na varanda".

Ao longo da validação do projeto Experiências do Brasil Original, as comunidades selecionadas foram acompanhadas pela equipe técnica do MTur e da UFF em atividades de diagnóstico, capacitação e mentorias, oficinas para formatação de experiências turísticas e validação. 

"Os resultados do projeto nas comunidades irão proporcionar  reconhecimento da diversificação da oferta turística brasileira, inserção de novos produtos de turismo de base comunitária e étnico no mercado, valorização das mulheres e dos jovens quilombolas e indígenas, além do aumento de trabalho e renda nos territórios", como explicou Anna
Modesto, coordenadora de Produção Associada ao Turismo.

Com o projeto Experiências do Brasil Original foi possível ainda, gerar a aproximação das comunidades e roteiros com receptivos e agências de turismo, o fortalecimento do mercado turístico interno, além da  oportunidade do aumento do fluxo de visitantes nas comunidades e
territórios contemplados pelo projeto.

Ao final da etapa de validação das experiências, as comunidades contam com a visita de um chef de cozinha que, ao lado de uma cozinheira representante da comunidade, mostram os sabores e saberes singulares de cada localidade, cozinham e compartilham muitas histórias e receitas.

"A próxima etapa contará com o apoio à promoção e comercialização das
experiências criados pelo projeto, um momento importante para essas  comunidades, que tem seus produtos turísticos inseridas no mercado", finalizou Anna.

Experiências do Brasil Original visa fortalecer o mercado turístico interno e o turismo de base comunitária, para que roteiros turísticos em territórios indígenas e quilombolas passem a compor a oferta competitiva e inovadora de produtos e serviços turísticos do Brasil.

Espera-se, com isso, oportunizar o desenvolvimento econômico de comunidades indígenas e quilombolas por meio do turismo, criando experiências que poderão gerar fontes alternativas de trabalho e renda e contribuir para a conservação da sociobiodiversidade das comunidades
beneficiadas pelo projeto.

Aliado a isso, o turista terá a oportunidade de vivenciar práticas memoráveis e transformadoras, através das tradições, saberes, sabores, cultura e histórias, presentes nessas comunidades tradicionais.

* Diretor Executivo da Assimptur

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