Claudio OlivaClaudio Oliva é jornalista especializado em turismo e hotelaria, pós-graduado em Turismo pela Universidade de Barcelona, presidiu a Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo. Editor da Qual Viagem, colaborador em diversos portais de turismo, é também diretor Executivo da Assimptur Assessoria de Imprensa.
Mais atrativo

Brasil celebra 2 milhões e meio de novos assentos em voos internacionais

Crescimento fio de 29% em comparação ao ano anterior

Publicado em 07/09/2023 às 08:43.Atualizado em 08/09/2023 às 13:29.

Em junho último celebramos mais de 2 milhões e meio de assentos a mais em voos internacionais para o Brasil até o fim do ano, um crescimento de 29% em comparação ao ano anterior. Garantir a ampliação da oferta de voos, em 2024 e 2025, é uma meta estratégica da Embratur, fundamental para ampliar o número de estrangeiros que visitam o Brasil. Já foram iniciadas negociações com diversas companhias aéreas em todo o planeta, participando de feiras internacionais de aviação civil, ampliando o diálogo com as concessionárias dos aeroportos brasileiros e montando estratégias para tornar o Brasil mais atrativo para as companhias aéreas durante todo o ano.

Como uma companhia aérea decide abrir uma nova rota internacional?

As companhias olham como estão as vendas de passagens futuras, dados das buscas que os passageiros têm feito nos buscadores e agregadores, as tendências de consumo, e a inteligência local que possuem nos países consolidando assim os aspectos de demanda. Do outro lado vem os aspectos de oferta. Quantos aviões eu estou recebendo? Eu tenho pilotos para voar todos eles? O aeroporto possui capacidade necessária? Às vezes, a companhia compra muito avião e precisa voar para algum lugar. Então, mesmo não tendo a demanda, ela vai trabalhar em criar a demanda para aquela rota. Essa é a lógica das empresas low-cost. Se por outro lado a companhia tem pouco avião e muita demanda, não tem o que fazer. Então, ela vai acabar pegando os aviões e colocando nas rotas mais  rentáveis.

O aeroporto, que diferença faz nessa decisão?

Todas as concessionárias brasileiras têm uma equipe de desenvolvimento de rotas, eu liderava uma. Uma companhia aérea tem o mundo inteiro pra voar. Só no Brasil são quase duzentos aeroportos habilitados. Então pensa numa companhia aérea lá da França, ela tem milhares de aeroportos no mundo para onde voar. Eu precisava levantar a mão e dizer: eu sei que  você tá com poucos aviões, mas eu estou vendo aqui, a nossa demanda é grande então, eram apresentadas oportunidades de negócio para essas empresas, com dados do mercado, perfil de consumo, informações que mostram que existe fluxo de turistas querendo viajar pra lá e também sair de lá para vir nos visitar, e incentivos financeiros. Às vezes aquela pesquisa que você responde para ganhar o wi-fi gratuito no aeroporto faz a diferença. Se você traz algo de pesquisa primária para a companhia aérea, esse dado ela não tem.

E a Embratur, como atua para atrair novos voos internacionais com destino ao Brasil?

O papel da Embratur é catalisar as negociações que já estão sendo conduzidas pelos estados e pelos aeroportos, apoiar cada uma dessas rotas a ser desenvolvida, a gerar demanda para elas. Na Embratur, temos muitos dados, então, dá, portanto, para entregar mais inteligência para as
companhias aéreas. Então, se tem uma empresa aumentando voos do  Reino Unido, vamos concentrar esforços neste mercado, trazendo agências de viagem do Reino Unido para conhecer o Brasil, por exemplo.

E como acontece esse trabalho com os estados?

O diálogo com os aeroportos e com os estados será permanente, para ajudar a Embratur a focar? Porque não temos capacidade para focar em tudo ao mesmo tempo a toda hora. As secretarias municipais e estaduais também entram com ações de promoção, também têm suas estratégias com seus públicos-alvo bem definidos, e nós entramos para apoiar. Está no nosso radar, por exemplo, atuar em parceria com os estados para trazer novos voos para o Norte e Nordeste, que estão mais próximos geograficamente do hemisfério Norte.

De fato, o Brasil sofre com a distância dos grandes centros, mas temos alcançado números positivos, como os 2 milhões de novos assentos até o fim do ano. Qual o nosso potencial de crescimento?

A gente tem um potencial gigantesco. O nosso oceano azul é o turismo internacional. E a aviação no mundo está num período de retomada. As companhias aéreas aposentaram os aviões velhos, que gastavam muito, durante a pandemia, e não voltaram a usar essas aeronaves. E, agora, estão retomando do zero, abrindo o mapa e olhando para todas as possibilidades de rotas, não necessariamente retomando aquilo que existia antes da pandemia. Um desafio que precisamos enfrentar é o da sazonalidade. O inverno europeu é uma oportunidade para o Brasil, é um período em que devemos ter anúncios de novas rotas. Quando vem o verão europeu, é aí nosso maior desafio vender o Brasil. O europeu quer ir para os EUA, e o americano ir para a Europa. A gente tem que disputar esse mercado, é o trimestre que aqui menos chove, das temperaturas mais amenas. A gente precisa criar produtos de baixa temporada, criar demanda para manter a oferta de voos ao longo do ano.

E como garantir competitividade no preço?

A questão de preço é equilíbrio de oferta e demanda. Quanto mais voos a gente tiver, menor será o preço para vir ao Brasil. Por isso, precisamos trabalhar na geração de oferta de assentos antes, ou em conjunto, ao trabalho de aumentar o interesse do estrangeiro pelo Brasil. Se só fazemos o segundo, acabamos frustrando o turista convencido com passagens caras, e ele acaba indo para a Tailândia, pela metade do preço. Criando a oferta primeiro, abaixamos os preços e podemos ter uma atividade promocional muito mais eficaz.

Qual a importância da conectividade, de ter aeroportos com muitos voos regionais para atrair voos internacionais?

A gente trabalha para utilizar mais inteligentemente nossa oferta de assentos. Se um passageiro sai de Londres e vem até o Rio de Janeiro, para subir para Fortaleza, ele usa dois assentos em dois voos. Um desses assentos poderia ser usado por um brasileiro indo para Fortaleza. E para o turista é economia de tempo e conforto ir a um voo direto para o seu destino. Então, é nosso papel identificar onde estão as oportunidades de voo direto para destravar esse mercado. Mas a conectividade e os hubs são muito importantes, porque enquanto não há demanda para sustentar um voo direto, as conexões ocupam esses espaços. É por isso que os aeroportos com voos internacionais se desenvolvem muito mais quando têm alimentação relevante de voos domésticos.

* Diretor Executivo da Assimptur

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