Claudio OlivaClaudio Oliva é jornalista especializado em turismo e hotelaria, pós-graduado em Turismo pela Universidade de Barcelona, presidiu a Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo. Editor da Qual Viagem, colaborador em diversos portais de turismo, é também diretor Executivo da Assimptur Assessoria de Imprensa.

Brasil precisa urgente de um plano estratégico de turismo para obter bons resultados

Cláudio Lacerda Oliva*
Publicado em 03/08/2023 às 13:19.

Informação foi publicada pela deputada estadual Renata Souza (Psol) em rede social e confirmada pela Polícia Civil (Raphael Nogueira via Unsplash)

A importância do turismo para o desenvolvimento da economia é pouco compreendida no Brasil, e isso explica por que o país patina” em determinados aspectos analisados no ranking de Competitividade de Viagens e Turismo do Fórum Econômico Mundial. No quesito “ambiente de negócios”, o Brasil ocupa a 125ª posição no relatório que avalia 136 países em 14 diferentes itens.

A falta de clareza sobre o papel econômico do turismo impede a  elaboração de estratégias eficientes e como consequência o avanço dessa atividade. O Turismo é um negócio e tem como objetivo gerar emprego e receita, mas essa é uma atividade econômica sem tradição de políticas públicas. Existe o Ministério do Turismo que desenvolveu um trabalho relevante nas últimas décadas, mas há grandes interrupções, e elas se repetem nos distintos níveis da esfera pública.

No Brasil, a atividade turística sempre existe a parte política que é  um desastre para a continuidade de um plano correto e sério de trabalho. Esse atual governo Lula, já indo pro oitavo mês de mandato, trocou o mandatário do Ministério do Turismo, abrindo mais uma vez a porta da atividade turística brasileira para uma improvisação.

Não há planejamento, metas, objetivos e ou um plano estratégico de negócios. O desenvolvimento do setor depende da interlocução entre os atores públicos e privados, pois oturismo é multidisciplinar. As políticas públicas devem olhar para essa atividade como um todo e conversar com setores correlatos, porque o turismo tem relação direta com a infraestrutura, o saneamento, as obras e, principalmente, os investimentos.

Nos últimos anos, o Governo Federal adotou medidas com o  objetivo de aumentar a entrada de turistas aqui. Foi concedida a isenção de vistos para cidadãos de Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão – ação que chegou a ser adotada por um bom tempo. Dois anos depois, o visto eletrônico foi implementado para os mesmos países e agora o atual governo volta a exigir a reciprocidade de vistos desses países para o Brasil.

Embora essas decisões atraiam turistas ao simplificar a entrada deles em território nacional, esse é apenas um dos pontos que devem compor um planejamento estratégico de políticas públicas para o setor. Esse não é o único motivo pelo qual os norte- americanos não vêm ao Brasil, por exemplo. Então, isso facilita a entrada de estrangeiros no país, mas tem outros aspectos que desfavorecem a competitividade do Brasil no exterior – o visto pode se um deles –, mas não é o único. A segurança, a falta de divulgação, o não planejamento de ações concretas são os piores desafios para conseguir melhores resultados em nossa balança
comercial da atividade turística.

Um dos maiores entraves para a expansão do turismo internacional no Brasil é a segurança pública. Os casos de violência noticiados pelo mundo transmitem medo às pessoas que se interessam em visitar o país. A segurança afeta o turista que está aqui e,  principalmente, o que ainda não chegou.

Veja os casos recentes de violência no Rio de Janeiro, no Guarujá,  em Belo Horizonte e principalmente no Rio Grande do Norte. Esses acontecimentos impactam de maneira negativa a possibilidade de alcançarmos bons resultados com a vinda de turistas internacionais ao país. Além disso, ano a ano, perdemos a oportunidade de  enfrentarmos de frente esses e outros problemas e construir de fato um plano geral para a atividade turística brasileira.

* Diretor Executivo da Assimptur

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