Claudio OlivaClaudio Oliva é jornalista especializado em turismo e hotelaria, pós-graduado em Turismo pela Universidade de Barcelona, presidiu a Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo. Editor da Qual Viagem, colaborador em diversos portais de turismo, é também diretor Executivo da Assimptur Assessoria de Imprensa.

Cidades precisam se preparar para a crise climática

Cláudio Lacerda Oliva*
turismologoali@hojeemdia.com.br
Publicado em 10/10/2024 às 07:01.
Ausência de planejamento urbano adequado e a falta de preparo para eventos extremos, como enchentes e secas, agravam a situação (Chris Gallagher via Unsplash)
Ausência de planejamento urbano adequado e a falta de preparo para eventos extremos, como enchentes e secas, agravam a situação (Chris Gallagher via Unsplash)

As mudanças climáticas representam um desafio significativo para as cidades em todo o mundo. No Brasil, os extremos climáticos, como chuvas intensas e períodos de seca, evidenciam a vulnerabilidade urbana e a necessidade de adaptações urgentes. Segundo Gabriela Medeiros Ramos, professora mestra, arquiteta urbanista e docente no curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Cruzeiro do Sul, a combinação entre a teoria e a prática no campo da gestão de desastres é essencial para compreender o cenário das cidades diante as mudanças climáticas.

Gabriela considera que "muito se fala sobre a responsabilidade individual de cuidar do meio ambiente, mas ignorar a influência da infraestrutura urbana seria 'tampar o sol com a peneira'".

A ausência de planejamento urbano adequado e a falta de preparo para eventos extremos, como enchentes e secas, agravam a situação.

"As cidades precisam estar preparadas para essas situações, com um enfoque em adaptação e resiliência", enfatiza a especialista.

Para enfrentar esses desafios, diversas medidas de adaptação urbana podem ser implementadas, argumenta Gabriela. Entre elas, a conscientização da população sobre o descarte adequado de resíduos e o uso de ecopontos para evitar o entupimento de sistemas de drenagem.

“O poder público, por sua vez, deve investir na limpeza regular de rios e
córregos, na ampliação de sistemas de drenagem e na criação de reservatórios de água, além de incentivar a criação de áreas permeáveis, como parques e jardins”, diz.

A professora Gabriela Medeiros ressalta que, além disso, é essencial o plantio e a preservação de árvores nas cidades para ajudar a reduzir a temperatura e melhorar a qualidade do ar. A especialista comenta que aumentar a massa arbórea contribui para a regulação do clima, absorvendo carbono e criando microclimas mais agradáveis.

"A construção de infraestrutura resiliente, como calçadas e ruas permeáveis, e o investimento em tecnologias que ajudam a reutilizar água e energia são passos fundamentais para tornar as cidades mais  preparadas para as mudanças climáticas. É preciso pensar na cidade de forma integrada com a natureza, tornando os ambientes urbanos mais resilientes e saudáveis para todos", explica.

Boas práticas e políticas públicas

A urbanista reforça que preparar as cidades para enfrentar as mudanças climáticas requer um esforço conjunto entre governo, sociedade civil e a comunidade acadêmica. Políticas públicas que incentivem a sustentabilidade, como planos diretores com foco em resiliência, são
fundamentais.

"O governo deve criar leis e destinar recursos para tornar a cidade mais
adaptada a eventos extremos, como enchentes e secas  prolongadas", destaca Medeiros.

A educação e a conscientização da população também são essenciais. Programas de educação ambiental acessíveis podem engajar a comunidade, criando uma cultura de sustentabilidade. Parcerias com ONGs locais e a promoção de programas participativos, como hortas
comunitárias e cooperativas de reciclagem, ajudam a ampliar o alcance dessas ações. 

Inovação e tecnologia para enfrentar a crise climática

Nos últimos anos, diversas inovações têm sido aplicadas para ajudar as cidades a lidarem com as mudanças climáticas. A inserção gradual de ônibus elétricos nas frotas das grandes cidades, a obrigatoriedade de painéis solares em novas construções e o uso de tecnologias de
monitoramento em tempo real são exemplos de como a tecnologia pode ser uma aliada na adaptação urbana.

“A atuação da Defesa Civil, com o uso de sensores inteligentes e sistemas de monitoramento, é crucial para prever e mitigar os impactos de eventos climáticos extremos, como enchentes e deslizamentos", explica Gabriela, concluindo ainda que a adaptação climática das cidades é uma questão urgente que demanda planejamento, colaboração e inovação.

* Diretor Executivo da Assimptur

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