Uma pesquisa inédita revela que, em maio deste ano, 738 brasileiros receberam o green card – documento que dá aos estrangeiros o direito de morar e trabalhar permanentemente nos EUA. A quantidade representa um salto de 78% sobre abril e é a terceiro maior da série histórica. Os dados são de um levantamento realizado pela AG Immigration com base em
informações do governo americano. Isso mostra uma fuga bastante  acentuada de profissionais com alta qualidade de conhecimento técnico em diversas áreas.

O motivo principal desta busca de saída de brasileiros é devido à melhoria dos salários pagos nos Estados Unidos. Se o Brasil pretende reverter esse quadro, deve urgentemente valorizar os profissionais aqui dentro, dar melhores condições de trabalho e pagar melhores salários. Além disso, duas outras questões motivam a fuga dos brasileiros para os Estados Unidos: melhores condições de vida e segurança, que são fatores primordiais para saírem do país, além de salários melhores. 

Dos green cards expedidos para brasileiros em maio, 60% (460) são referentes aos vistos EB-1, EB-2 e EB-3, dados majoritariamente a imigrantes com ensino superior ou que se qualificam aos critérios de habilidades excepcionais do governo americano. Considerando-se apenas
estes três vistos, o crescimento foi de 100% sobre a quantidade de abril.

Segundo Rodrigo Costa, CEO da AG Immigration, os números realçam o movimento de fuga de cérebros que tem sido observado, nos últimos anos, do Brasil para os EUA.

"Em 2022, por exemplo, tivemos o recorde de green cards emitidos para brasileiros. Cada vez mais, as pessoas têm procurado oportunidades de emprego na América, aproveitando a escassez de mão de obra que existe aqui e, consequentemente, os altos salários", explica o executivo, que vive na cidade americana de Orlando. 

Ainda de acordo com Costa, a maioria dos vistos EB-1, EB-2 e EB-3 é  dada para brasileiros com ensino superior, "embora empreendedores, artistas, atletas e profissionais sem formação acadêmica também sejam elegíveis". Entre os que mais saem do Brasil estão dentistas, enfermeiros, engenheiros, contadores, estatísticos, especialistas em investimentos e
trabalhadores da área de TI, como programadores, desenvolvedores e analista de segurança cibernética.

"É normal que estes últimos, por exemplo, não tenham necessariamente um diploma", afirma Costa. "O que conta são as certificações e habilidades técnicas".

Nos cinco primeiros meses de 2023, 1.036 brasileiros receberam os vistos EB-1, EB-2 e EB-3 – volume 17% abaixo dos 1.255 registros de 2022. De acordo com Costa, porém, a expectativa é de que, até o final do ano, um novo recorde de green cards para brasileiros seja estabelecido.

"A procura está muito grande", diz.

Dados do Departamento de Trabalho dos EUA mostram que existem 10,1 milhões de vagas abertas nas empresas do país, principalmente nas áreas de saúde, transporte, varejo, manufatura e lazer e hospitalidade. Ao mesmo tempo, são apenas 6,1 milhões de desempregados, de acordo com o órgão.

"Ou seja, há pouca gente para muito trabalho. É um cenário que beneficia os imigrantes e, consequentemente, ocasiona na fuga de talentos de outros países para cá", analisa o CEO da AG Immigration.

Parentes imediatos

Do total de green cards emitidos para brasileiros em maio, 27% (197) são referentes aos vistos IR – concedidos para certos parentes de cidadãos dos EUA. Em geral, esses vistos são solicitados por brasileiros que se naturalizaram americanos e, com isso, ganham o direito de patrocinar a ida de familiares para o país. 

Os vistos IR mais expedidos em maio foram o IR-5 (95), destinado para pai e mãe de cidadãos americanos; o IR-1 (62), para cônjuges; e o IR-2 (40), para filhos.

"É comum que o imigrante venha sozinho para trabalhar, fique mandando dinheiro para a família no Brasil e, depois de se tornar cidadão, o que geralmente demora cinco anos, ele patrocine a vinda do restante da
família", explica Costa.

Mais informações: https://agimmigration.law/

*Diretor Executivo da Assimptur