Claudio OlivaClaudio Oliva é jornalista especializado em turismo e hotelaria, pós-graduado em Turismo pela Universidade de Barcelona, presidiu a Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo. Editor da Qual Viagem, colaborador em diversos portais de turismo, é também diretor Executivo da Assimptur Assessoria de Imprensa.
Nem sempre foi assim...

Mulheres já são 55% da força de trabalho na hotelaria nacional

Se hoje conseguem ser muito mais valorizadas na disputa de cargos que antes eram predominantemente masculinos, o mérito é todo delas

Cláudio Lacerda Oliva*
turismologoali@hojeemdia.com.br
Publicado em 19/10/2023 às 07:17.
Celina Yamada, gerente-geral do Nikkey Palace Hotel (Divulgação / Nikkey Palace Hotel)

Celina Yamada, gerente-geral do Nikkey Palace Hotel (Divulgação / Nikkey Palace Hotel)

Muita garra, percepção, intuição, força, capacidade de realização de múltiplas tarefas, boa adequação da vida profissional com a pessoal, bom trato com clientes e colaboradores. Estas são algumas das características que naturalmente fazem com que as mulheres estejam se destacando frente aos homens na ocupação de cargos importantes dentro da hoteleira.

Atualmente, o que não falta no mercado de trabalho hoteleiro é a presença de mulheres que ocupam papéis essenciais para o bom funcionamento do negócio. Mulheres que lideram grandes números de pessoas e ocupam cargos de níveis hierárquicos mais elevados. Mas nem sempre foi assim.

Lutando para sair do estereótipo de ocupação unicamente de profissões do lar e diminuir o abismo existente entre os gêneros, muitas mulheres usam da sua sensibilidade na tomada de decisões, aliada não só à competência em servir, mas também à força de se provarem todos os dias como  capazes, para reverter um estigma marcado por vários séculos.

O empoderamento da mulher no ramo hoteleiro começou devagar. Se hoje conseguem ser muito mais valorizadas na disputa de cargos que antes eram predominantemente masculinos, o mérito é todo delas. Através da busca pelo conhecimento, da postura profissional, do aprimoramento de qualificação, elas conseguiram se impor nas entrevistas de trabalho, ampliando seu leque de opções que antes eram restritos para cargos menores, como camareiras e auxiliares de recepção, para atingirem as profissões de primeiro escalão.

Mayara Potyra, gerente geral do Hotel Fazenda Vale das Águas (Divulgação / Hotel Fazenda Vale das Águas)

Mayara Potyra, gerente geral do Hotel Fazenda Vale das Águas (Divulgação / Hotel Fazenda Vale das Águas)

Para Mayara Potyra, gerente geral do Hotel Fazenda Vale das Águas, da cidadezinha de Águas de Santa Bárbara, considerado um dos melhores hotéis fazenda do estado de São Paulo, além das mulheres terem um lado humano mais aflorado na tomada de decisões, o fato de conseguirem realizar múltiplas tarefas, as colocam em posição de vantagem.

“A gestão feminina tem sido cada vez mais vista nas empresas, na hotelaria não é tão recente, mas a cada dia temos mais notícias sobre mulheres ocupando cargo de gerência e obtendo excelentes resultados. No Hotel estou realizando um trabalho minucioso de retrofit e readequando um empreendimento que estava à beira da falência e atualmente tem um dos melhores índices de ocupação do interior paulista”.

Não é à toa que as mulheres vêm ganhando destaque. O Hotel Portal das Águas, um dos mais tradicionais da estância hidromineral de Águas de São Pedro, tem uma mulher no comando, como gerente geral. Fátima Amâncio da Silva, formada pelo Senac de São Pedro, atua no hotel desde 2009 e realiza importante trabalho à frente desse empreendimento, garantindo boa taxa de ocupação, além de um serviço de manutenção e conservação impecáveis.

Fátima Amâncio da Silva, gerente geral do Hotel Portal das Águas (Cláudio Lacerda Oliva)

Fátima Amâncio da Silva, gerente geral do Hotel Portal das Águas (Cláudio Lacerda Oliva)

Embora tenha havido um avanço de visibilidade com o passar das décadas, ainda há muito o que se fazer pela igualdade de gêneros no mercado de trabalho, tanto brasileiro quanto do mundo afora. Projetos como o WAAG (Women at Accor Generation), desenvolvido desde o ano de 2012 pelo Grupo Accor, buscam incentivar mulheres dos mais diversos setores da hotelaria a se candidatarem e ocuparem cargos de gerência. O objetivo do programa é que pelo menos 35% de seus colaboradores sejam mulheres em cargo de gerência.

Neste aspecto, ponto para o Brasil, que vem correspondendo às expectativas do WAAG e encabeça o ranking de mulheres em cargos de liderança na América do Sul. Aqui, as estatísticas estão em 57% de mulheres gerentes no país, para 263 unidades. Estes dados levam a crer que muito já se evoluiu quanto à igualdade de gêneros. Porém, não se pode negar que a discriminação, até agora, é algo que ainda se faz presente.

Outro case de sucesso é de Celina Yamada, gerente-geral do Nikkey Palace Hotel, empreendimento executivo da capital paulista focado no segmento corporativo. Depois que Celina assumiu, o empreendimento cresceu em 70% a taxa de hospedagem, reduziu custos de operação e está fazendo enorme retrofit, com inauguração de spa, reforma de  apartamentos e readequação das áreas de eventos.

No momento de serem aceitas ou não em determinado emprego, muitas mulheres ainda precisam constantemente enfrentar a dúvida quanto à sua capacidade, simplesmente por pertencerem ao gênero. E isso se dá não só por determinado cargo que pleiteiam ser historicamente de predominância masculina, mas também porque elas, ainda hoje, precisam provar que eficiência e qualidade no desempenho de atividades transcende o fator
sexualidade.

* Diretor Executivo da Assimptur

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