Claudio OlivaClaudio Oliva é jornalista especializado em turismo e hotelaria, pós-graduado em Turismo pela Universidade de Barcelona, presidiu a Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo. Editor da Qual Viagem, colaborador em diversos portais de turismo, é também diretor Executivo da Assimptur Assessoria de Imprensa.

Ocupação dos hotéis de BH surpreende, mas calendário de eventos tem de ser melhor construído

Cláudio Lacerda Oliva*
turismologoali@hojeemdia.com.br
Publicado em 07/03/2024 às 07:35.
Pela primeira vez, BH registrou 100% de ocupação hoteleira entre o fim de novembro e início de dezembro (Pedro Vilela / MTur)
Pela primeira vez, BH registrou 100% de ocupação hoteleira entre o fim de novembro e início de dezembro (Pedro Vilela / MTur)

Belo Horizonte, pela primeira vez, registrou 100% de ocupação hoteleira entre o fim de novembro e início de dezembro. A marca recorde foi registrada em regiões da cidade, como a Centro-Sul.

A abertura do Natal da Mineiridade, shows internacionais e a Feira Nacional de Artesanato impulsionam a circulação de pessoas na cidade, o que contribui para ativar o comércio, gerando emprego e renda.

O comerciante de empresas Reginaldo Bartholomeu, por exemplo, foi pego de surpresa quando chegou a Belo Horizonte na no dia 13 de dezembro. Residente em Cambuí, na região sul do estado, ele não encontrou vaga nos diversos hotéis para os quais ligou. Acabou se hospedando de maneira improvisada dois dias em motéis da cidade.

“Nunca tinha passado por coisa parecida aqui. Todos os lugares que procurei estavam com 100% de lotação. Acredito que a Feira Nacional de Artesanato, o período de Natal, além da vinda da torcida do Palmeiras para o jogo no Mineirão contribuíram para isso. Da próxima vez, vou fazer reserva antecipada”, relata Bartholomeu que recorreu a uma hospedagem
improvisada num motel da cidade e acabou pagando diária salgada de 440.

O Natal da Mineiridade foi inaugurado no dia 2 de dezembro com o acionamento do novo projeto de iluminação da Praça da Liberdade. O projeto integra a capital a mais de 400 municípios do interior em uma programação turística e cultural diversa e descentralizada, com
cerca de 600 eventos.

A projeção é que houve uma movimentação turística de 3,4 milhões de pessoas, o que representa um crescimento de mais de 20% em relação ao ano passado. 

Nos dias 3 e 4 de dezembro passado foi realizado o show do beatle Paul McCartney, reunindo um público de mais de 85 mil pessoas na cidade, muitas delas vindas de outros municípios e estados. O publicitário Ednaldo Muniz e Sousa saiu de Araxá, na região do Alto Paranaíba, para vir pela segunda vez à capital mineira, neste ano, para curtir a atração.

“Já faz parte da minha rotina conferir os shows marcados, procurar ingressos e me programar. Felizmente temos uma oferta trabalhando intensamente”, diz. Ele comenta que também assistiu à apresentação de Roger Waters que esteve em BH em novembro.

Em 6 de dezembro, foi inaugurada a 34ª Feira Nacional de Artesanato. Participaram da feira 3,5 mil expositores, público de estimado de mais 180 mil pessoas que movimentaram R$ 68 milhões. A cidade também sediou o Congresso Nacional do Mercado Imobiliário (Conami), nos dias 5 e 6 de dezembro, no Palácio das Artes, reunindo quase 2 mil pessoas entre palestrantes, empresários, especialistas do setor e investidores de todo o país.

O secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas de Oliveira, pontua que esse cenário demonstra a consolidação do estado enquanto polo de turismo cultural e de negócios.

“Minas Gerais manteve um crescimento de 103% acima da média nacional até o início do segundo semestre de 2023 e a previsão para os últimos meses é ainda maior. E boa parte disso se deve ao turismo cultural. Mais de 30% das motivações das pessoas que vêm ao nosso estado se relacionam a atividades de lazer e passeio, e dentre elas podemos destacar os shows, os museus, bares e restaurantes”, diz o secretário.

“Ressaltamos agora também o Natal da Mineiridade, cuja segunda edição oferece uma vasta programação no Circuito Liberdade e em mais de 400 municípios. Além disso, Belo Horizonte está na rota do turismo de negócios, sendo o Conami um bom exemplo, uma vez que esse é o maior congresso do mercado imobiliário do país”, completa Oliveira.

No mês de fevereiro a hotelaria de Belo Horizonte, registrou ocupação média de 75%, chegando a 98% no período do carnaval. Isso levou a cidade a ter um mês de fevereiro com os melhores e mais completos índices de ocupação hoteleira da história. O mês de março iniciou com uma queda bastante acentuada na ocupação média da hotelaria da capital mineira, mas para a segunda quinzena do mês os índices podem ficar próximos de 63% de ocupação.

Belo Horizonte precisa ampliar e distribuir melhor o calendário de eventos. Ter taxas elevadíssimas de ocupação num pequeno período e depois ter baixas significativas não são a melhor solução para atenuar a sazonalidade do destino. Shows, eventos esportivos, congressos, feiras e eventos são os fatores que podem auxiliar e muito a capital mineira a ter
índices aceitáveis de movimento, se consolidando de vez como um destino certo para o turismo corporativo e de eventos.

* Diretor Executivo da Assimptur

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