Claudio OlivaClaudio Oliva é jornalista especializado em turismo e hotelaria, pós-graduado em Turismo pela Universidade de Barcelona, presidiu a Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo. Editor da Qual Viagem, colaborador em diversos portais de turismo, é também diretor Executivo da Assimptur Assessoria de Imprensa.
Cenário desafiador

Rio Grande do Norte ou da Morte!!!

Cláudio Lacerda Oliva*
turismologoali@hojeemdia.com.br
Publicado em 17/05/2023 às 07:23.
Depois da Covid, o estado nordestino vive a maior crise já enfrentada no segmento turístico (Alexis Regis/MTur)

Depois da Covid, o estado nordestino vive a maior crise já enfrentada no segmento turístico (Alexis Regis/MTur)

Depois de uma crise sem precedentes no turismo mundial, em função do Coronavírus, o avanço das vacinas permitiu uma mudança radical no cenário e desde 2021, o turismo interno brasileiro tem tentado recuperar seus ganhos. Alguns estados conseguiram, outros estagnaram e outros pioraram seus índices de crescimento. 

Depois de dois anos de avanços, 2021 e 2022, o ano de 2023 deveria ser a redenção para a recuperação total do turismo potiguar. Mas os acontecimentos terríveis na área de segurança no Rio Grande do Norte - ocorridos especialmente no mês de março -, trouxeram apreensão aos
empresários do setor. Com certeza, depois da Covid, o estado nordestino vive a maior crise já enfrentada no segmento turístico.

O cenário atual é extremamente desafiador, com redução drástica da demanda e dos fluxos turísticos em todos os segmentos. Além da violência, o período entre abril e o final de junho, representam, naturalmente, a baixa temporada para o turismo na região. Depois dos recentes acontecimentos, o Rio Grande do Norte, por meio da secretaria de turismo do estado, realizou uma campanha publicitária em rede nacional de tv, veiculando comercial de 30 segundos sobre as belezas turísticas do estado.

O Rio Grande do Norte, tem um dos mais privilegiados litorais do Brasil, com centenas de praias, lagoas, piscinas naturais, falésias, complexos de dunas, além de uma riqueza enorme no interior, com serras, rios,  cachoeiras, sítios arqueológicos e outras atrações históricas e culturais.
O governo local insiste em validar Natal, Pipa e São Miguel do Gostoso como se esses fossem os únicos destinos turísticos do estado, esquecendo que essa trilogia de produtos já está na prateleira das agências e operadoras há quase duas décadas, e que só apresentam movimento na altíssima temporada.

O que é preciso é fortalecer destinos menos consagrados e apostar
numa maior segmentação de público, fazendo com o que o turista percorra e explore outros cantos do RN. 

Os investimentos por parte do governo do RN devem ser localizados na recuperação das estradas estaduais, principalmente as que levam a destinos turísticos. Investir fortemente na segurança pública, fazendo com que o turista se sinta seguro em consumir novamente o Rio Grande do Norte. Brigar para que o estado consiga uma tarifa aérea mais real para o turismo interno.

Captar de vez o mercado internacional, com ampliação da oferta de voos principalmente da Europa. As tarifas aéreas de qualquer grande capital do Brasil para Natal são as mais caras atualmente. O que precisa ser feito é dar apoio e suporte ao turismo Religioso e ao turismo de Base
Comunitária.

Nós ouvimos mais de 10 empresários da região, que afirmam a falta de uma política de estado para o turismo do Rio Grande do Norte. O governo deve desenvolver, em conjunto com os empreendedores do turismo, formas de minimizar o fechamento de empresas e de postos de trabalho e atuar na sua retomada. Medidas para facilitar o acesso ao crédito e a redução da carga tributária são fundamentais para a sobrevivência das empresas e dos empregos. Veicular campanhas publicitárias em rede
nacional, após um momento de crise de segurança é o mesmo que enxugar gelo, e mostrar incompetência pura.

Eu posso afirmar tudo que escrevi, como jornalista e como consumidor
final. Nos últimos três anos passei minhas férias no estado e tenho percebido uma política de 'blá, blá, blá' sem nenhum resultado concreto nas políticas de turismo. Tá na hora de repensar essa política, pois o investimento em segurança é primordial para que o Norte não vire Morte!!!

* Diretor Executivo da Assimptur

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