Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

A fé existe

Publicado em 12/11/2024 às 06:00.

Embora pudesse parecer diferente, Montes Claros, a maior cidade norte-mineira se tem demonstrado eminentemente religiosa. É constatação histórica que acompanho desde criança. O progresso econômico não lhe mudou os caminhos da fé, sobretudo cristã. 

Verifiquei que, nos dias 3 e 6 de junho, lá se recebeu a peregrinação das Relíquias de Santa Terezinha do menino Jesus, celebrando 150 anos de nascimento da santa, 2023 passado. O evento, como ora se gosta de dizer, se iniciara no Brasil em fevereiro, para um itinerário de setenta cidades do país.

Conhecida como “maior santa dos tempos modernos”, como definiu Pio X, o percurso cumprido aqui constitui uma celebração do legado espiritual e do exemplo de fé, que conduzem consigo os restos mortais da santa, do que deles se conservou um século e meio. Na cidade norte-mineira, a população cristã-católica, os fiéis acolheram as relíquias de Terezinha, que prometera fazer cair uma chuva de rosas sobre aqueles que pedem por sua intercessão.

Esta é a terceira vez que as relíquias visitam o Brasil e a segunda a Montes Claros. A primeira aconteceu em 1997, ano em que a santa foi proclamada Doutora da Igreja pelo Papa João Paulo II, repetindo-se no ano seguinte. O fato deixou um legado visível na comunidade. Muitas experiências sinceras relatadas revelam-se na vida da santa, cuja presença fortalece a fé e promove a união entre os devotos. 

Cerca de quatro meses após, em 19 de outubro, a cidade voltou-se para a lembrança mais intensa àquele que considera seu santo, um sacerdote espanhol, chamado Henrique Munaiz. Ele mudou-se para a cidade, vindo da Espanha, logo depois de ordenar-se no Brasil, como conta um jornalista montes-clarense que lhe acompanhou a vida de dedicação ao próximo. “Entregou-se definitivamente a ajudar pessoas. E a transmitir os Evangelhos de Jesus Cristo, que ele viveu como poucos, a exemplo de Francisco de Assis”. 

Depois de décadas, reconhecido como o homem mais feliz da cidade, esplêndido em distribuir a Luz, disponível a todos, a qualquer hora, Padre Henrique foi internado num quadro de leucemia aguda.  Faleceu na manhã de 19 de outubro, como hoje. Alou-se. Isto é: guarneceu de asas e voou ao seu novo e definitivo habitat, de onde presta seus milagrosos préstimos a santa francesa e o sacerdote espanhol. 

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