Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

A ponte interrompida

Publicado em 24/09/2024 às 06:00.

Os mineiros, principalmente os do Norte do estado, acompanham com profundo interesse tudo o que se faz ou se deixa de fazer com o Rio São Francisco. É questão de amor pela corrente fluvial que corta uma das mais belas regiões do Brasil, ligando o centro mineiro às águas do Atlântico. A denominação que se deu de “rio da unidade nacional” tem, pois, razões suficientes para o batismo carinhoso.

Nem sempre, porém, os sonhos e projetos se tornam realidade como se desejaria. Eis o caso das ligações entre as duas margens que, construídas como se pretendeu, traria enormes benefícios econômicos e sociais à população ribeirinha... e mais do que isso. Estreitaria relações benéficas às duas margens.

A ponte na região de Pintópolis era esperada, ansiada, há décadas. Mais recentemente, assinou-se contrato para sua  construção, ao custo de R$ 137 milhões, com previsão de que a obra, uma das maiores no gênero no estado, com 1.120 metros de extensão e três de largura, estaria concluída em 25 meses.

Aguardadas há mais de 70 anos no Norte de Minas, as obras da ponte começaram. O pátio de produção, estocagem e armazenamento de vigas que serão utilizadas na edificação foram compactados e o levantamento topográfico realizado. O empreendimento, que faz parte do Provias, vai gerar mais mobilidade e circulação de mercadoria, além de facilitar o acesso ao Distrito Federal.

A construção de pontes e pavimentação é um dos eixos do Provias. O programa prevê 44 empreendimentos para viabilizar novas ligações entre importantes regiões de Minas Gerais, somando cerca de 807 quilômetros.

O Provias – maior pacote de obras rodoviárias da última década – também abrange intervenções de recuperação funcional para promover melhorias no pavimento das estradas em pior estado de conservação. No total, serão 55 intervenções em 1.770 quilômetros da malha rodoviária.

Os recursos do Provias são de R$ 2 bilhões, sendo R$ 1,4 bilhão do Termo de Reparação assinado com a Vale, por conta do rompimento da barragem de Brumadinho, R$ 120 milhões do Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC), firmado entre o Governo de Minas e a Fundação Renova, além de convênios e emendas parlamentares estaduais e federais, parcerias com empresas e convênios com prefeituras.

Agora me vem a informação de que o trabalho de construção foi interrompido. Parar tal empreendimento, a esta altura dos acontecimentos, é um pecado sem remissão. Mas ainda há tempo para resolver o imbróglio. Em Brasília, deve existir alguém atento.

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