Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

A saga dos Vargas

13/05/2016 às 17:27.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:25

Os velhos astros da política brasileira continuam brilhando, mesmo post mortem. Quando saiu a lista dos ministros de Michel Temer, procurou-se o nome de Moreira Franco, sempre ao lado do vice-presidente em numerosas ocasiões, além do que a vida política lhes permitiu ao longo de décadas.

Algum cargo importante, todavia, devia estar-lhe reservado, considerando sua intensa atuação na gestão dos negócios públicos.

Como Francelino Pereira, que descera do interior do Piauí para Minas Gerais, Wellington Moreira Franco, nascido em outubro de 1944, embarcou em sua Teresina natal para fazer América no Sudeste, mais exatamente na antiga capital da República. Foi uma porção de coisas, ocupou cargos relevantes e exerceu funções importantes, principalmente no Rio de Janeiro, Estado de que foi governador de 1987 a 1991.

Não sei como a família Vargas entrou em sua vida, mas incontestavelmente lhe foi importante para o futuro. O fato é que a aproximação se fez através de Amaral Peixoto e Alzira Vargas, um casal que entrou para a história brasileira e nela permaneceu antes, durante e depois da ditadura do presidente nascido em São Borja. 

Naquele já remoto tempo, Amaral Peixoto foi até objeto de anedotas, apelidado de “Almirante”. Por que? Porque se dizia que ele comandava a frota de barcas que faziam a ligação Rio de Janeiro-Niterói. De qualquer modo, o casal Ernani do Amaral Peixoto-Alzira, a filha preferida de Getúlio, marcou presença em muitas iniciativas em favor do Estado do Rio. Alzira, que fumava cigarro com piteira, era uma celebridade e brilhava nas reuniões sociais e no grand monde internacional. 

O prestígio do casal influenciou certamente no crescimento de Wellington na carreira depois de passar por renomados colégios cariocas. Alzira se destacava nos momentos decisivos de Getúlio e Dona Darcy, como uma espécie de meio de campo harmonizador para o par que viera de terra gaúcha para o vendaval da capital da República. 

Quando houve a tentativa integralista de chegar ao poder, a partir da tomada do Palácio das Laranjeiras, Alzira lá estava com o presidente naquela madrugada que contribuíria para mudar os destinos nacionais. A família Vargas, coadjuvada por alguns poucos soldados da guarda, soube responder com coragem. Revólveres foram distribuídos entre a família e houve reação, até que dispositivos das Forças Armadas chegaram. O plano falhou, como antes falharam os comunistas na intentona de 1935.

Muitos anos depois, em agosto de 1954, nos momentos mais difíceis, senão cruéis, para os Vargas e para a nação, Alzira não arredou pé do lado do pai, até em reuniões de lideranças militares e civis, entre eles Tancredo Neves. Ela acompanhou a evolução dos acontecimentos até o desfecho fatal, na manhã sinistra do dia 24, no Catete. 

Pois Moreira Franco se casou com uma filha de Amaral Peixoto e D. Alzira, aproximando o Sul do Nordeste. O casamento foi com Celina Vargas, socióloga, intelectual, união de que nasceram dois filhos e uma filha.

A união se estendeu até 1989; em 1995, o segundo enlace foi com Clara Maria, filha de um político fluminense.

A saga dos Vargas se manteve até então.
 

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