O desembargador Rogério Medeiros Garcia de Lima, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, dentre outros títulos, é também professor universitário e não teme, antes pelo contrário, fazer com que suas opiniões cheguem ao público. É o caso em que se manifesta sobre as drogas. Especificamente sobre a maconha, escreveu:
"'Eu acredito na ciência’ - eis o mantra da moda, propagado em tempos de pandemia da Covid-19. Eu também acredito. Tomei as três doses vacinais e adotei todas as medidas sanitárias sugeridas. Sem me tornar, porém, um ‘morto-vivo’. E tampouco propalar o mantra por aí e fazer dele uma bandeira de passeatas. (...)
Mas quando se fala de entorpecentes, especialmente da maconha (cannabis), a cega e apaixonada ‘crença na ciência’ se dissolve. (...)
O Conselho Federal de Medicina e a Associação Brasileira de Psiquiatria publicaram nota em que se posicionam contra a regulamentação do plantio da cannabis no Brasil:
Segundo o presidente do CFM, Carlos Vital, ‘a maconha não é uma droga inofensiva e são vastas as evidências científicas de que o uso precoce da droga leva à dependência’. (...)
Na discussão sobre a liberação da maconha não se manifestam os ‘defensores da ciência’, tão eloquentes no debate sobre o combate à Covid-19.
Tempos duros. Mas não censuro ninguém. É só uma constatação. Respeitarei sempre o pensamento e as opções alheios.
O magistrado achou de bom alvitre incluir em artigo o que declarou o jornalista Carlos Alberto Di Franco sobre a glamourização das drogas, o que vale como um conselho e advertência:
“As consequências da assustadora escalada das drogas podem ser comprovadas nos boletins de ocorrência de qualquer delegacia de polícia. De fato, o tráfico e o consumo de drogas estão na raiz dos roubos, das rebeliões nos presídios e da imensa maioria dos homicídios. (...)
O ilustre magistrado reforça: “Na discussão sobre a liberação da maconha não se manifestam os 'defensores da ciência', tão eloquentes no debate sobre o combate à Covid-19.
O retumbante silêncio me recorda a frase lapidar do saudoso filólogo e escritor mineiro Abgar Renault:
“As coisas costumam ser boas ou más conforme quem seja o seu autor” (Reflexões efêmeras, 1994, p. 24).