Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Ainda há esperança

Publicado em 15/10/2024 às 06:00.

Houve eleição nos municípios brasileiros, no domingo, dia 6. Para se escolher prefeitos e vereadores. Gente em que se deposita esperança. Milhões depositaram seu voto, sem apagar a permanente e dolorosa visão das dores e tragédias de guerras em outros territórios do mundo.

Há em quem confiar? A campanha lançou uma onda de anunciadas energias positivas. Os escolhidos não podem falhar a um povo tão sofrido pelas falsas expectativas e horizontes amáveis e saudáveis. Milhões esperam que não sejam mais uma vez ludibriados por aqueles que querem apenas prestígio e poder. As demandas e necessidades foram expostas amplamente no ciclo eleitoral.

Não se vive de sonho. Em agosto, conheceu-se que o governo central registrou déficit primário de R$ 22,4 bilhões, conforme números divulgados pelo Tesouro Nacional. Não podem ser negados. São dados e resultados oficiais do Tesouro, do Banco Central e do INSS. O esperado pelo mercado projetava déficit entre R$ 19 bilhões e R$ 20 bilhões.

Há sobejo motivo de preocupação, pois se ouve incessantemente notícias da concessão oficial de milhões e milhões autorizados para fins diversos, fazendo crer que estamos no melhor dos mundos.
Neste 2024, o rombo nos cofres do Governo Central totalizou R$ 99,8 bilhões. No acumulado de doze meses, alcançou R$ 22,5 bilhões. O grande desequilíbrio fiscal continua sendo a Previdência Social, segundo o secretário do Tesouro, Rogério Ceron. Que se está fazendo para pelo menos diminuir substancialmente a tragédia neste cenário?

Aguarda-se resposta. E, diante das circunstâncias, rezar para que as autoridades despertem para a dura realidade. Aliás, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor de Oliveira Azevedo, publicou substancial artigo. Eis um trecho: “A esperança é a última que morre”, eis um ditado popular muito repetido, em diferentes circunstâncias. Mas a esperança não pode morrer nunca. Ela é uma virtude, luz luzente em horizontes tomados por obscuridades e variados desafios. A esperança possibilita ao ser humano encontrar as respostas de que necessita para viver com mais dignidade. Assim, a esperança deve ser sempre fortalecida, pois, sem ela, a família humana sofre com o caos, na contramão da razão, inviabilizando o alcance do sentido que sustenta o viver. Cultivar a esperança exige abrir-se, sempre mais, à reconciliação e ao exercício da paciência – para que oportunidades de edificação da paz não sejam perdidas. É preciso saber esperar, e não desistir da busca por essas oportunidades, encontrando uma força que está além dos próprios recursos, enraizada na espiritualidade e na fé”.
 

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