Bem o sabeis. Aforismo, substantivo masculino, é a proposição ou sentença, isto é - máxima que - em poucas palavras - contém um princípio de grande alcance; uma síntese resultante da experiência, que não carece de demonstração.
Assim, tomei às mãos o volumoso “Os aforismos do Ciberpajé”, editado pela Somete, de São Paulo, cujo texto foi elaborado por Whisner Fraga e Carla Dias, mas de autoria de Edgar Franco, também responsável pelas ilustrações, enquanto a própria Carla cuidava do projeto gráfico.
É algo para se ler pensando, raciocinando, pois, o escritor partiu da ideia de que “do barro fomos feitos, ao barro retornaremos”, passando a limpo sua existência, e, a partir de seus universos ficcionais em encontro/confronto com sua realidade, tornando a criação artística a principal engrenagem de sua própria construção.
O coeditor diz mais: “Esta obra é um tratado de transmutação e, como tal, acumula funções: pode ser lido como ficção, como relato, como biografia, como crônica, como ensaio, e é muito mais: há aqui um amor à palavra, uma tentativa de transportar para o suporte verbal algo essencialmente intraduzível”.
O escritor, já no início, esclarece: “Já fui aplaudido algumas vezes, vaiado inúmeras vezes, criticado outras tantas, chamado de gênio por uns, louco por outros, inocente e ignorante por vários. Recebi prêmios e honrarias, e muitas patifarias, recebi abraços verdadeiros e incontáveis falsos afagos de bajuladores e interesseiros. Já fui expulso de muitos lugares pelo que falei e demonstrei, fui convidado a dizer o mesmo para muitos outros. Aprendi a não me importar com as flutuações humanas, com o que pensam de mim, com os julgamentos de todos, procuro manter-me puro como uma criança, acreditando no que faço e buscando ser integral e sereno como um Lobo Ancestral, sempre selvagem, focado, certeiro. Vivo”.
Muito difícil escolher um aforismo para representar Edgar Franco. Recolho um para que o leitor tenha ideia do conteúdo de seu pensar e sentir: “Você deve brincar de deus”: essa é a mais sagrada, curativa e integralizadora experiência, brinque de ser seu próprio deus todos os dias, crie suas realidades, faça uma vida leve, serena e selvagem para você experimentar. Só não queira jamais tornar-se o deus de mais alguém, pois isso envenenará sua pureza e será a sua ruína. Brinque hoje, agora, de ser seu próprio deus, divirta-se. Viva!