Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Com a Petrobras

20/12/2021 às 16:49.
Atualizado em 29/12/2021 às 00:35

Os preços de tudo estão sumamente elevados. As reclamações não estão na boca somente dos mais humildes. A classe média não deixa de rebelar-se. É natural que assim seja, não só no Brasil. O cinto aperta em todos os corpos. E, para não se permitir que alguém saia incólume, atribuiu-se os altos valores de todos os bens consumidos aos combustíveis. Enfim, tudo depende de transporte neste país colossal, em que pessoas e produtos utilizam principalmente a via rodoviária.

A população, o pai de família, o cidadão, tem de descarregar sua queixa sobre alguém ou alguma entidade. E, em se tratando de transporte, a Petrobrás é a da vez. Mas há muita coisa nisso, no imbróglio. Outro dia, a empresa federal, diminuiu um mínimo no preço da gasolina na refinaria. E daqui pra frente? Vai depender do preço no produto no mercado internacional e na cotação do dólar.

Um número robusto apresentado pela estatal revela a importância de fazer caixa com a venda de partes de seu patrimônio. Até 7 de dezembro, a petroleira embolsou 48 bilhões de  dólares, mais ou menos R$ 27,4 bilhões, com a negociação de 17 ativos e conclusão de 14 processos de desinvestimento, mesmo que para futuros investimentos. O consumidor de combustível não quer saber disso e o presidente Bolsonaro já disse que tampouco pode fazer algo. O fato nos leva a 1954, o do suicídio de Getúlio. 

Então, o escritor Josué Montello, da Brasileira de Letras, muito chegado aos poderosos da época, a registrar em seu diário, que Vargas, há dois meses, dera um passo arrojado, que o restituiu aos dias em que criara Volta Redonda, assinou a lei que instituiu o monopólio estatal do petróleo, criando a Petrobrás.

No Rio de Janeiro, no Hotel Glória, onde foi visitar o ministro João Neves da Fontoura, auxiliar direto do presidente da República e seu dileto amigo, lhe disse com ar consternado, ao pé da orelha no momento em que o conduzia  à porta do elevador: “O Getúlio semeou ventos; vai colher tempestades. A esta hora, já estou querendo ver onde me abrigar durante a tempestade”. Curiosamente, a anotação é datada de 16 de dezembro aquele ano.

A repercussão se estendeu até o atual tempo, em que a Petrobrás é vista sob múltiplos juízos pela opinião pública. Em face dos fatos e das declarações de Bolsonaro, perguntar-se-ia: deve-se privatizar a estatal? De modo geral, percebe-se que o brasileiro considera que pelo menos algo deveria ser feito para minimizar o impacto dos preços dos combustíveis sobre a vida do cidadão.

E o petrolão?

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