Temos de voltar no tempo. Inaugurada Belo Horizonte em 1897, chamava a atenção e despertava interesse de todo o país. Em 1906, desembarcou aqui um médico com dois anos de formado, de ilustre família gaúcha, após aperfeiçoamento cirúrgico na Europa. Dirigiu-se à Santa Casa, cujo provedor era Francisco Júlio da Veiga, desembargador, que o admitiu inclusive por recusar qualquer remuneração.
Eduardo Borges da Costa, seu nome, nomeado chefe da Clínica Cirúrgica, inovou, fez procedimentos complexos para a época, ganhou espaço e prestígio, contribuiu eficazmente para fundação da Faculdade de Medicina. Lecionou, participou do grupo mineiro na Missão Médica Brasileira à Europa para a guerra contra a Alemanha, assumiu a diretoria da Faculdade e iniciou bravamente a luta pela implantação do Instituto do Radium, quando o câncer se expandia em todo o mundo, roubando vidas e vidas.
Dali, entrosado com médicos de competência, propôs e conduziu a implantação do Instituto do Radium, com pedra fundamental em 1920 e inaugurado o empreendimento em 1922 em 7 de setembro. Constituía um notável esforço coroado de êxito, que contou com apoio de todos os segmentos da sociedade, a começar do presidente Artur Bernardes. Um feito de tamanha transcendência, que Madame Curie, única mulher a conquistar dois prêmios Nobel, veio conhecê-lo pessoalmente, deixando gravado seu entusiasmo.
Passados quase cem anos, ainda em plena pandemia de coronavirus, as atenções se voltam novamente contra o câncer, de que a Santa Casa é um dos maiores prestadores de atendimento em Minas e pretende triplicar sua capacidade.
É uma obra essencial, principalmente depois da pandemia e agora tornada preferencial. O câncer não feneceu, não deixou de ampliar-se. O Instituto de Oncologia, a entrar em funcionamento, com ajuda da sociedade e dos belo-horizontinos, no ano centenário do Instituto do Radium. Será integrado a todas as demais clínicas, oferecendo ainda assistência social e psicologia. Para o diretor da Assistência à Saúde da Santa Casa, Guilherme Gonçalves Riccio, “a construção do Instituto de Oncologia é um sonho, que mudará o destino de inúmeras pessoas, com ganho social enorme”. É preciso ajudar nesta fase decisiva.