Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Darcy, centenário

Publicado em 24/01/2023 às 06:00.

No ocaso de 2022, a Academia Mineira de Letras se instalou, simbolicamente, em Montes Claros para comemorar, com a Academia Montes-Clarense, o centenário do nascimento de Darcy Ribeiro, uma personalidade da vida brasileira no século que passou, com memória vívida e sentida nos momentos mais difíceis.

E para marcar a data, juntamente com a de cem anos de João Valle Maurício, membro da Academia Mineira, o sodalício norte-mineiro editou sobre o primeiro uma antologia que merece ser lida por toda a nação, sobretudo os segmentos mais jovens da população.

Rogério Faria Tavares, presidente da Academia Mineira, ao ensejo, em prefácio da obra, declarou que o volume é “contribuição inestimável à recuperação da memória de Darcy e à reativação de seu imenso legado, principalmente entre as novas gerações, tão necessitadas de referências motivadoras”.

Ivana Ferrante Rebello, presidente da Academia de Montes Claros, registrou que, “etnólogo, (Darcy) dedicou os primeiros anos de vida profissional ao estudo dos índios de várias tribos do país”. “Brasileiro em todos os sentidos e fatos, passou a vida inquieto, faminto de fazimentos, descontente com a precariedade das estruturas sociais do Brasil e suas flagrantes desigualdades”.

Participam do livro autores que conviveram como antropólogo e poderiam falar sobre ele com pleno conhecimento: Felicidade Patrocínio, Karla Celene, Mara Narciso, Maria da Glória Caxito Mameluque, Petrônio Braz, Wanderlino Arruda, Teo Azevedo, Alberto Sena, Fabiano Lopes de Paula e Gustavo Mameluque.

O jornalista Alberto Sena, que com ele trabalhou, lado a lado, lembra que Darcy repetia como um refrão: “É hora de passar o Brasil a limpo”. Quando o interlocutor perguntou “passar a limpo, outra vez?”, recebeu uma resposta contundente: “Para que o povão tenha vez. No dia em que todo brasileiro comer todo dia, quando a criança tiver um primeiro grau completo, quando cada homem e mulher encontrar um emprego estável em que possa progredir, se edificará aqui a civilização mais bela desse mundo. É tão fácil; estendendo os braços no tempo, sinto na ponta dos dedos esta tropiazinha nossa se realizando”.

Para o articulista, tem-se de respeitar e lutar pelos desígnios de Darcy, “fazer alguma coisa em seu nome, porque os escritos dele, as ideias, os exemplos, as obras – não podem ficar nas prateleiras da estante ao dissabor das intempéries”.

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