Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Depois das chamas

Publicado em 05/07/2022 às 06:00.

Belo Horizonte tomou conhecimento do incêndio no décimo andar do Hospital Central da Santa Casa, não só o primeiro a instalar-se na capital, no começo do primeiro decênio do século XX. O complexo assistencial, de tão grande dimensão, distingue-se de longe naquela parte da cidade.

Quem conhece um pouquinho de história do antigo Curral del Rei e mesmo restritamente o passado, viu acender na memória o desastre no Dieu, hospital de Paris, que pegou fogo em 1772, levando pânico à capital dos franceses e obrigando milhares de famílias a fazer o sepultamento dos internado mortos, então.

O Dieu, Deus, tinha capacidade para 1.100 pacientes em enfermarias com leitos individuais, e mais 600. Antes do trágico acidente, o edifício fora apenas um depósito de doentes e foco de contaminação. Com instalações desse tipo, não se podia esperar muito de bom e belo da velha estrutura hospitalar, terrivelmente insalubre, cuja inicial construção se dera no ano 861.

Centenas e centenas perderam a vida e o governo sentiu que precisava fazer algo. Constituiu, inclusive uma comissão para elaborar um projeto de reforma, reunindo os mais importantes profissionais para desenvolver estudos sobre a situação dos estabelecimentos de saúde. Começou-se, a partir de então, a definir um novo modelo de hospital, moderno e capaz realmente de defender e salvar vidas.

É o caso do atual Hospital Central, que a Santa Casa construiu em Santa Efigênia, a partir do chefe maior, o Provedor, José Maria de Alkmin. A Santa Casa dispõe presentemente de 1.186 leitos, todos destinados a pacientes SUS. Constitui o maior de Minas Gerais no gênero. A preocupação e desvelo com o enfermo é essencial. Praticamente todas as especialidades médicas lá se atendem. Seus profissionais são de alta competência para zelar por aqueles que vêm de todo o Brasil se tratar.

É gente que sabe cuidar do ser humano. A Santa Casa tem mais de 5 mil colaboradores, dia e noite em seus misteres. Quando as chamas se propagaram, no fim de junho, se pôde ver que eles trabalham por vocação, com o coração, com carinho, com desvelo. Evitou-se uma tragédia maior. 

Agora é hora de ajudar na reconstituição e na reconstrução do que se perdeu. A alta direção, como não deixaria de ser, se pôs imediatamente em campo. Minas não pode adiar os plenos serviços que oferece ao país, por sua benemérita Santa Casa. O governo tampouco irá omitir-se, como o demonstrou, em âmbito federal, o ministro Queiroga, da Saúde, que veio sentir de perto o problema.

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