Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Doença desafiadora

Publicado em 16/11/2024 às 06:00.

Percorrendo os jornais ou assistindo à televisão e ouvindo rádio, constata-se que predominou praticamente, entre as demandas da população aos candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, o combate ao câncer, que realmente é imposição permanente no país. Em todo o mundo, a doença é das que mais matam.

No entanto, creio que cabem algumas observações. Nosso estado foi dos que mais se preocuparam com o insidioso mal. Basta ler notas em livros escolares e outras publicações de leitura corriqueira. Aliás, Minas Gerais é um celeiro de grandes e pertinazes pesquisadores no campo da Medicina.

Aqui nasceram, digo-o apenas por registrar alguns, como Antônio Aleixo que trabalhou com obstinação contra o Mal de Hansen; Amílcar Martins em outra área importante, Chagas na luta contra a doença que recebeu seu nome, notáveis pneumologistas e hepatologistas, até Pedro Nava na reumatologia, que constituía um desafio e de que foi o primeiro.

No princípio do século XX, veio madame Curie para conhecer a aqui o que já se fizera contra o câncer, visitando o Instituto do Radium, na época em terreno do Parque Municipal, hoje integrado à Faculdade de Medicina da UFMG. O estabelecimento era um documento vivo do interesse e da capacidade de realizar em favor da luta contra o câncer que deixava em um rasto doloroso de vítimas.   

A famosa e dedicada pesquisadora polonesa se interessava para que um instituto como o construído em Paris se erguesse também no Novo Mundo, especialmente nos Estados Unidos, já poderoso. Mas foi cá entre as montanhas mineiras que a ideia produziu resultados efetivos, para o que dera especial e pessoal empenho o médico Borges da Costa, um notável empreendedor, da Santa Casa da antiga Curral del-Rei.

Em 1919, o problema passara a incentivar um grupo de profissionais da capital, que se reuniam na casa de Ezequiel Dias para tratar do assunto. Compareciam Álvaro de Barros, marques Lisboa e colegas, que queriam participar da grande missão. Faltavam recursos, mas, em 11 de junho daquele ano, Borges anunciou a fundação do Instituto de Câncer e Radium, com apoio do residente do Estado, Artur Bernardes.

Assisto, com euforia, ao que a Santa Casa BH faz em favor dos que a ela recorrem em momentos de dor e enfermidade. Em 2022, foram cerca de 5.500 colaboradores, para mais de 27 mil cirurgias, praticamente três milhões, 500 mil atendimentos; 500 mil consultas; 2 milhões e 700 mil exames; em várias áreas clínicas. Depois de inaugurar e fazer funcionar o seu Instituto de Oncologia, realizou ali 128.988 atendimentos, além de sessões de quimioterapia, radioterapia, procedimentos e retornos para controle. Cirurgias em adultos foram 1.533, o segundo em números no Brasil. A instituição pioneira e gigantesca é protótipo, assume lideranças e segue agindo em todas as áreas médicas. Dá alegria e orgulho a seus diretores e colaboradores, a quem ajuda na sobrevivência. 

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