Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Eis a Venezuela

Publicado em 08/11/2022 às 06:00.

Para o que caminha a Venezuela? Por um expressivo período de sua existência independente, até onde esta possa ser como tal considerada, o país viveu em sobressaltos. Sua população sofre desde sempre e os grandes grupos de pessoas que fogem para os países vizinhos quer apenas viver em paz e alimentado. O que se vê presentemente, com multidões escapando para o Brasil principalmente, é uma amostra do desamparo e fuga incessante em busca de um pouco de felicidade.
 
A história política da nação ao Norte merece ser conhecida para ser devidamente avaliada e julgada. Tempo houve em que se afirmava que, independentemente de dimensões geográficas, os países mais representativos da América do Sul, eram Venezuela e Uruguai. 
O primeiro pela riqueza que fulgurava com exploração de grandes poços de petróleo na região do Lago Maracaibo; e o segundo, pela altivez e nível educativo de sua população, que jamais se dobrou ao poderio dos vizinhos mais fortes.

Na ditadura de Pérez Jiménez (e eu passei por lá à época), a Venezuela, beneficiando-se dos enormes ingressos de petrodólares, já figurava - como registra Carlos Taquari - como um dos maiores produtores de petróleo do planeta. 

Com população de apenas 6,5 milhões de habitantes e PIB de 5,8 bilhões de dólares em 2010, sua população alcançou no período a maior renda per capita da América Latina. Nas ruas de Caracas, havia um desfilar de carros de luxo importados, embora a maioria não se beneficiasse com os resultados fantásticos da exportação do ouro negro. O governo se valeu da situação e construiu obras suntuosas. 

Verbas para saúde a educação eram minguadas, embora atendessem às demandas dos militares no poder. Favelas surgiam e cresciam. Conjuntos habitacionais erguidos com dinheiro público se transformaram em cortiços. A agricultura ficou em plano inferior. Triste período da história! Quando Pérez Jiménez caiu, em 1958, ouve uma sucessão de caudilhos. Viveu-se uma pausa por somente 10 meses, em 1948. Para se ter uma ideia mais correta, bastaria lembrar que o próprio Simón Bolívar, que comandou a fase final da luta pela independência, se viu na obrigação de sair afastado por um golpe militar.

Hoje, quem está sucedendo a Hugo Chávez, um dos caudilhos proclamados, é Nicolás Maduro, obrigando a população já tão sacrificada à abdicação de seus anseios e sonhos, ao preço da miséria e morte.

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