Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Eleições à vista

05/10/2021 às 19:24.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:00

Não sei, em termos de prognósticos eleitorais, o que significaram as manifestações contra Bolsonaro, realizadas nas capitais e maiores cidades do país. Em verdade, elas mediram ou medirão também a própria importância dos partidos e lideranças que as promoveram.

Na realidade, o Brasil atravessa um dos períodos mais difíceis de sua história, não se podendo atribuir a gravidade unicamente ao desastre que a pandemia nos causou, nos anos de 2020 e 2021. As nações latino-americanas sempre viveram fases assim – ou até piores, e não souberam extrair lições para o futuro. O Brasil passa por uma enfermidade maior e mais grave (se houver) do que simplesmente a produzida pelo coronavírus 2.

Estamos em outubro, evidentemente todos o sabem, e daqui a um ano, votaremos para a presidência da República e para outros altos cargos federais. É um tempo que passará rapidamente, se considerada a tensa expectativa que marcou estes dias do calendário fundante. Daqui para frente, haverá incontestavelmente  o acaloramento da situação, acima das altas temperaturas deste antepenúltimo mês do ano.

Antonio Machado observou: “O cenário está bagunçado e deverá continuar assim até que se saiba o resultado das eleições gerais em 2 de outubro de 2022, ou dia 30, se houver segundo turno para a escolha do presidente. Até lá a torcida é para que políticos e tecnocratas não façam muita arte”.

O presidente Jair Messias já conseguiu uma façanha no pleito de 2018: elegeu-se, o que não conseguiram os capitães do Exército que o antecederam no sonho. De fato, Luis Carlos Prestes e Carlos Lamarca falharam. Em 17 de setembro de 1971, o segundo terminou o cerco das forças de segurança que o perseguiam, a ele – um ativista de Vanguarda Popular Revolucionária e do Movimento Revolucionário 8 de outubro. Instrutor de tiro, deixara o Exército em 1870, para se dedicar à luta armada contra a ditadura militar. 

Em Pintada, interior da Bahia, ele fugia há três semanas e, segundo a versão oficial, não aceitou a ordem de rendição, teria resistido a bala, e morreu com o companheiro, José Campos Barreto. Foram metralhados.

O capitão, por promoção, será eleito mais uma vez? A pergunta reverbera, mas as pesquisas eleitorais até agora não lhe são favoráveis. As urnas darão a resposta, mas o essencial é que sejam favoráveis ao Brasil, não aos partidos políticos e candidatos.

O Brasil acima de tudo, como proclamam os simpatizantes do atual chefe da nação. Nisto estão certos.

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