Jornalista, amigo, tem notória e notável preocupação com o tempo, suas previsões e suas transformações. Assim, inteiro-me de que, no dia 21 de junho de 2017, exatamente às 0h24 (sem o horário de verão), chega oficialmente ao Brasil o inverno. Então, as noites começam a diminuir e, consequentemente, os dias voltam a crescer. No interior brasileiro, ainda há a festejar São João e São Pedro, tão queridos e saudados com fogueiras – onde ainda existe lenha – foguetório, biscoitos, broas e quentão. Sem contar a parte musical com animados bailes. Santo Antônio já é passado.
Segundo Leonardo Dantas Silva, a festa do Senhor São João é a festa mais antiga do Brasil, já registrada por Frei Vicente do Salvador em sua “História do Brasil 1500-1627”. Havia alegria entre as gentes da terra, que “acudiam com muito boa vontade, porque são muito amigos de novidades, como no dia de São João Batista por causa das fogueiras e capelas”. Estes eram os grupos de músicos que tocavam ou cantavam junto aos templos.
Pois estamos terminando o ciclo das festas do sexto mês do ano, trazidas pelos colonizadores portugueses, que eles cultivavam milenarmente, como na festa de Santo Antônio, em Lisboa e em Lagos; São João, no Porto e em Braga, e São Pedro, em Évora e Cascais.
No que se refere às fogueiras, por aqui se crê se deverem à conveniência e necessidade de amenizar o frio das noites juninas. No entanto, a tradição cristã divulgada pelos jesuítas a explicam como um compromisso de Santa Isabel, prima da Virgem Maria, de mandar erguer uma grande figueira para anunciar o nascimento de seu filho João Batista: “Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. Veio ele como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por seu intermédio. Ele não era a luz, mas devia dar testemunho da luz” (João 1:7-8).
As festas de junho variam entre nós de acordo com as regiões, mas não deixam de entusiasmar a gente sempre simples das áreas rurais, dos povoados, assinalados por alegria, que entram nas lembranças de cada pessoa e de todos.
Por aqui, as festividades acontecem, assim, no início do inverno, época de colheita de milho e de feijão no Nordeste. É um período especial em que se reza por boas invernadas de modo a afugentar o espectro das estiagens. Em nossos dias, seria muito próprio também que se espantasse o estigma da bandidagem por todos os lados e da corrupção nos negócios públicos.
Aliás, o papa Francisco, há poucos dias, advertiu: “A corrupção, na sua raiz etimológica, define uma dilaceração, uma ruptura, decomposição e desintegração. Revela uma conduta antissocial tão forte que dissolve as relações e os pilares sobre os que se fundam uma sociedade: a coexistência entre as pessoas e a vocação a desenvolvê-la”.
“A corrupção quebra tudo isso, substituindo o bem comum com o interesse pessoal que contamina toda perspectiva geral. Nasce de um coração corrupto. É a pior praga social, pois cria problemas graves e crimes que envolvem todas as pessoas”.
As festas de junho não combinam com corrupção.