Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Hungria pode ajudar Mariana

03/05/2016 às 17:32.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:15

A Hungria está muito perto do Brasil, bem mais do que se poderia supor. Há laços históricos entre Minas Gerais e aquele país, que poderiam – e podem – ser estreitados, do que tirarão proveitos magiares e brasileiros. Aliás, bom lembrar, mesmo por curiosidade, que aquela República, como o nosso Estado, não tem saída para o mar. O rio Danúbio, segundo mais extenso da Europa, cruza o país de Norte a Sul e divide a capital, Budapeste, em duas. Centro de trocas na Idade Média e segunda capital do Império Austro-Húngaro, Budapeste possui construções monumentais, com ênfase para o bairro do Castelo de Buda. Ex-satélite da URSS, tem alcançado positivos resultados na transição para o livre mercado, sendo o primeiro dos países ex-comunistas a ingressar na União Europeia, em 2004.

Faço esse comentário inicial para registrar (já que os meios de comunicação não deram maior realce) que o embaixador daquele país, Norbert Konkoly, esteve em Belo Horizonte, no último 20 de abril, para uma conferência, a convite da vice-cônsul, Helene M. Paulinyi. Por sinal, ela é a presidente da Academia Feminina Mineira de Letras e membro do IHGMG. 

Detalhe: a vice-cônsul é doutora em gerenciamento de meio ambiente pelo Departamento de Minas e Metalurgia da UFMG. A conferência versou sobre “O milagre húngaro”, tendo o embaixador discorrido sobre a situação atual da Hungria, após passar pelas devastações profundas das duas guerras mundiais e a permanência dos soviéticos por quatro décadas.

Otimista quanto à economia húngara e o cenário que ora se abre para o desenvolvimento, o embaixador Konkoly também lamentou o desastre na barragem do Fundão, em Mariana, em novembro de 2015, e evocou outro terrível acidente registrado em sua pátria, em outubro de 2010. Houve o vazamento de uma lama tóxica de uma fábrica de alumínio em Kolontai, no Oeste da Hungria, deixando nove mortos e mais de 120 feridos, no pior acidente ecológico da história do país.

Graças à tecnologia húngara, contudo, conseguiu-se zerar os efeitos perversos do desastre. Graças à experiência nesse tipo de acidentes, o diplomata magiar ofereceu ao Brasil, sobretudo às autoridades das áreas envolvidas no desastre de Bento Rodrigues, a colaboração de seu país.

Tem-se certeza de que a tragédia continuará causando graves danos à região afetada, que enfim envolve toda a bacia do rio Doce, estendendo-se ao Atlântico. A catástrofe não é simplesmente ambiental, pois também econômica, social e humana.

Evidentemente, novos lances e desafios serão futuramente identificados no decorrer dos vindouros meses e anos, deixando mais feridas nas regiões e populações vítimas do acidente, já inscrito na história recente por sua gravidade ilimitada. A quota de solidariedade, inclusive no que tange à ajuda econômica e tecnológica, parece não ter encontrado eco entre nós, o que é quase inacreditável diante das circunstâncias.

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