Vejo na folhinha sobre a mesa: 18 de abril, Paixão de Cristo. É uma data, claro. Volto ao livro de Rodrigo Alvarez, correspondente da Globo na Europa: “Jesus, o homem mais amado da História”, contando a vida daquele que ensinou a humanidade a amar e dividiu a História em antes e depois.
O autor escreve para todo leitor, sem rebuscamentos. Relata: “Vivi três anos e meio em Jerusalém de onde frequentemente parti para visitas ao sepulcro de Jesus, à gruta da Natividade em Belém, a Nazaré, à Turquia, à Jordânia, ao Chipre, ao mar Morto e, inúmeras vezes, ao rio Jordão, um lugar tão simbólico, onde a vida pública de Jesus começou”.
O escritor acompanha o prefeito Pilatos até a Cesareia Marítima e vai acomodar-se no palácio que fora um dia do grande Herodes, enfim o pretório onde Jesus acaba de chegar, como descrito nos Evangelhos. São seis ou sete da manhã. Pilatos logo tem um problema: os sacerdotes judeus aparecem afobados, dizendo que há ali um criminoso mentindo.
Cláudia, mulher de Pilatos, está a seu lado e tenta convencê-lo a salvar Jesus, contando que à noite tivera um sonho de que ele era um justo. Mas ela não é senão uma coadjuvante, não podendo mudar o destino. Trazido Barrabás ao cenário para decidir quem deve ser punido com a morte, os sacerdotes votam pela condenação de Jesus. Que ele seja crucificado.
Pilatos questiona Jesus com uma pergunta de fato profunda e pertinente. E depois de filosofar sobre a fala aos que o esperam no pátio, declara: “Não encontro qualquer culpa nele. A multidão insiste: Crucifica-o. Crucifica-o. Pilatos não está disposto a contrariar os sacerdotes, com quem tem um pacto de colaboração antigo e muito útil à ordem romana e manda soltar Barrabás. O prisioneiro Jesus está enfraquecido e sangra, mas é apresentado diante de Pilatos, que no alto do palácio, afirma: “Estou inocente deste sangue”.
Os últimos momentos são descritos em minúcia. Depois, após a sentença cruel que lhe impuseram, Jesus dá um grito fortíssimo, que o Evangelho de João registra: “Está cumprido. Jesus inclina a cabeça como se já não tivesse mais força e fecha os olhos”.