Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Lá pela Rússia

Publicado em 09/07/2024 às 06:00.

Pelos lados da Rússia, não se pode pensar em paz. A viagem de Putin à Coreia do Norte, há poucos dias, evidentemente tinha motivos suficientes para levar o restante do planeta, sobretudo daquela região, ao sobressalto. A ânsia do presidente por poder é inegável. O pior cego o que não quer ver. 

Nem há paz internamente e a morte de um prestigiado opositor de Putin numa distante região da Sibéria não deixou dúvidas sobre suas causas. Depois, novos casos aconteceram. O Ocidente, por exemplo, deu maior atenção ao ataque a uma casa de espetáculos a poucos quilômetros de Moscou. Uma certeza: o número de mortos foi de mais de 140. Por ali, se mata às dezenas, às centenas.

Mas houve mais, embora os veículos de comunicação ocidentais tenham permitido somente uns poucos centímetros de coluna nas folhas impressas. 

Ao apagar das luzes de junho, houve uma série de confrontos armados no Daguestão, uma região do Cáucaso em que se registraram ataques contra igrejas ortodoxas e uma sinagoga.  Pela natureza dos templos, pode-se imaginar as vítimas: vinte mortos e 25 feridos.  

Autores? O noticiário não é suficientemente claro, pois se usa simplesmente o substantivo “criminosos”: cinco homens; foram mortos, segundo o Comitê Antiterrorista Russo. O governo, contudo, foi gentil-declarou três dias de luto. 

As motivações dos ataques não foram divulgadas. O mortandade foi na cidade costeira de Derban e em Makhachkaia, capital do Daguestão, território de maioria muçulmana, vizinha da Chechênia. Em 2001, o Daguestão fora cenário de uma rebelião islamita, esmagada pelas forças russas após anos de confrontos. 

Isso é o que conseguiu saber pela Imprensa, cujo funcionamento na Rússia é um caso sério. Uma pista, porém, permite vislumbrar a origem quando o chefe de governo do regime do Daguestão, Sergei Melikov, disse numa sinagoga de Derben. 

“Temos que compreender que a guerra também chega a nossas casas. Segundo fontes autorizadas, a declaração pode ser interpretada como uma referência ao conflito na Ucrânia, que inquieta o Ocidente, mas cujo desfecho está distante, indefinido e improvável. Esse fim parece não interessar ao Kremlin. E Wladimir Putin tem agora mais o que fazer, inclusive passear no lindo automóvel preto que ganhou da Coreia.

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