Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Maduro ensina cuidar de cabelo

13/04/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:55

A Venezuela sob os olhos do mundo. Sempre despertou a atenção, mas desde 2009 é mais focalizada, sobretudo pelos problemas decorrentes do baixo preço do petróleo, matéria-prima responsável por mais de 90% das suas exportações. Em abril de 2010, conseguiu um empréstimo de 20 bilhões de dólares da China, embora os Estados Unidos comprassem mais da metade do petróleo exportado por Caracas. A situação mudou. Washington compra agora apenas 9,1% e a China enfrenta problemas.

Há onze anos, isto é, em 2005, o presidente Chávez declarou apoio ao socialismo como sistema de organização social e econômica e optou pela “revolução bolivariana” com vista ao socialismo do século XXI. Morto Chávez, assumiu Nicolás Maduro, continuando a venda do petróleo a preços subsidiados aos amigos, entre os quais Cuba, principal aliado. A situação social se tornou delicada. 

A despeito de maus governantes, a Venezuela se manteve a cavaleiro da situação até meados do século XX. Verdade que, nos últimos anos, a nação passa por transformações que a colocam à beira da ruptura institucional. Chávez adotara medidas que desagradam ao setor empresarial, como o início da reforma agrária e a ampliação do poder estatal sobre a extração petrolífera. A população, de quase 30 milhões de pessoas, sofre dificuldades, inclusive para aquisição de bens de consumo, até de papel higiênico.

Em dezembro último, o presidente Maduro pediu às Forças Armadas para se prepararem para uma “guerra não convencional”, prometendo melhorias para os militares, após a derrota nas eleições legislativas. 

A despeito de maus governantes, a Venezuela se manteve a cavaleiro da situação até meados do século XX

Em ato público, declarou: “Não vamos permitir que a direita e a burguesia, das posições de poder em que se acham, se entreguem a soberania, a independência e a Justiça, que foram construídas durante esses anos de sacrifícios.

Observou que a nação é vítima da “guerra não convencional, econômica, elétrica, financeira, criminal e psicológica”, que atribui à direita, apoiada pelos Estados Unidos. Apelou, ainda, para que os militares, ora prestando serviço à administração pública, voltem aos quartéis.

Finalmente, em abril, decretou que nos próximos dois meses haverá feriado nas sextas-feiras, conforme um plano especial para economizar energia, diante da seca severa causada pelo El Niño.

Nesse período, o racionamento de eletricidade nos shoppings e hotéis subirá para nove horas. Não ficou só nisso. O sábio presidente também determinou que o secador de cabelos só deve ser usado em ocasiões especiais. Esclareceu: “O secador de cabelo nestes 60 dias deve ser usado pela metade do tempo. É possível, mulheres? O que acham? (...) A secadora de roupa e os mecanismos de secador de cabelo são fortes e altos consumidores, assim como o ferro de passar roupa. Devemos criar consciência disso”, afirmou ainda o presidente. 

Dizendo-se convencido sobre os resultados positivos dessas medidas, o presidente acrescentou: ”Eu sempre acho que uma mulher fica mais bonita quando ela penteia o cabelo com os dedos e, em seguida, deixa o cabelo secar naturalmente. É uma ideia que eu tenho e que eu apresento para as mulheres, certo”?

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